Polícia investiga morte de bebê por suspeita de envenenamento em Natal

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte investiga a morte de uma bebê de oito meses e a internação de uma prima de segundo grau, de 50 anos, em uma UTI, por suspeita de envenenamento. O caso aconteceu na semana passada em Natal.

A família mora no bairro Felipe Camarão, na Zona Oeste de Natal, e procurou a polícia após orientação da equipe médica que atendeu as vítimas.

Segundo a família, Geisa de Cássia Tenório Silva, de 50 anos, e a filha da sua prima, a pequena Yohana Maitê Filgueira Costa, de oito meses, passaram mal após consumirem açai e granola que Geisa ganhou como presente, deixado na casa dela por um motoentregador.

Yohana morreu na Unidade de Pronto Atendimento de Cidade da Esperança. Geisa está internada, entubada e em estado grave na UTI do Hospital Regional de Macaíba.

A Polícia Civil confirmou que investiga o caso, mas disse que ainda aguarda laudos periciais para confirmar se, de fato, houve envenenamento.

Entregas misteriosas

 

Ao todo, foram três dias recebendo encomendas na casa da família, levadas por motoentregadores, mesmo após a morte da criança. A primeira entrega chegou no domingo da semana passada, dia 13 de abril.

“Ele chegou na porta e entregou. Minha mãe mesmo foi quem recebeu. E na primeira encomenda veio somente um urso (de pelúcia) e chocolates. E também tinha uma mensagem dessas que vem prontas, com uma mensagem de amor. Ela recebeu nesse primeiro dia, comeu os chocolates e nada aconteceu”, relatou o estudante Yago Smith, filho de Geisa.

No dia seguinte, na segunda-feira, dia 14 de abril, mais uma entrega. Dessa vez, Geisa recebeu açai com granola. Os familiares contam que brincaram com Geisa que estaria recebendo presentes de um admirador secreto.

Geisa comeu e dividiu o açaí com a filha de sua prima, que ela tratava como “sobrinha de consideração”, de oito meses. Em seguida, a bebê passou mal e precisou de atendimento médico.

“Ela foi tomar o açaí e dividiu a granola que vem no açaí com Yohana. Após meia hora, 40 minutos, Yohana começou a passar muito mal. Minha prima levou ela para a UPA e ela veio a óbito. Minha mãe passou mal e a gente achou que era emocional, até então”, afirmou Yago.

Mãe da bebê, a dona de casa Danielle Priscila Silva, conta que a filha morreu ainda na UPA, pouco antes de ser transferida para um hospital.

“Os sinais vitais dela estavam baixo, o batimento do coraçãozinho baixo, mas com o tempo, ela teve uma melhora, tentaram transferir ela da UPA para o Hospital Maria Alice. A gente não chegou a sair nem da UPA. Na UPA mesmo, dentro da ambulância, minha filha veio a óbito”, lembra.

Também levada para a UPA, Geisa tomou uma medicação para acalmar, porque os profissionais que a atenderam acreditavam que o mal estar era relacionado à forte emoção.

Segundo o filho, Geisa vomitou e o mal estar passou. “Na terça-feira ela acordou muito bem como se nada tivesse acontecendo, somente triste pela notícia do falecimento”, lembra Yago.

Mais presentes

 

Apesar da morte da sobrinha, a família não relacionou os presentes ao caso. No terceiro dia, na terça-feira, 15 de abril, mais açaís chegaram à casa de Geisa.

“Ela recebeu novamente uma encomenda de motoentregador. Até então, a gente não tinha maldado nada, não tinha imaginado nada do tipo. Ela guardou novamente no congelador, almoçou, e após o almoço ela tomou açaí. Dessa vez, não passou nem 15 minutos e ela já começou a passar muito mal. E aí meu irmão mais velho levou ela pra UPA. Dessa vez, ela foi e ficou, porque ela já ficou em estado muito grave”, conta o filho de Geisa.

Segundo ele, os médicos começaram a desconfiar de envenamento por causa dos sintomas apresentados pela mulher: “Ela estava suando bastante, tremendo a mão, não tinha força nem pra falar nada, espumando, e aí começaram a desconfiar que aquilo era caso de envenenamento”, disse.

Investigação

 

Outro filho de Geisa, o churrasqueiro José Cícero Tenório, que também acompanhou a mãe na UPA, conta que foi alertado pelos médicos para procurar a Polícia Civil.

“Disseram que eu procurasse a delegacia para poder fazer o exame toxicológico, porque na UPA não faz. Foi onde eu cheguei na DHPP. E aí eles já levaram tudo, as amostras, e foi levado para o Itep, para aprofundar essa investigação. Passou uns 40 minutos após eu fazer o BO, vieram em casa e levaram a amostra do açaí, levaram a amostra dos papéis que vieram, as cartas, só não levaram o urso”, revelou.

Ainda de acordo com ele, a polícia já colheu digitais e busca identificar o motoentregador para saber quem pediu as corridas.

Em nota, a Polícia Civil informou que as investigações ainda estão em andamento e, até o momento, não é possível afirmar a causa da morte.

“O alimento consumido foi encaminhado para análise toxicológica, mas o laudo pericial ainda não foi concluído. Existe a possibilidade de envenenamento, contudo, qualquer afirmação nesse sentido, neste momento, seria precipitada. Testemunhas foram ouvidas e a Polícia Civil segue acompanhando o caso para dar continuidade à apuração dos fatos”, informou a corporação.

(Fonte:G1)

O post Polícia investiga morte de bebê por suspeita de envenenamento em Natal apareceu primeiro em Correio de Carajás.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.