Quem é a amiga do papa Francisco que quebrou protocolo do velório para se despedir

Em tempos em que o mundo parece cada vez mais polarizado, gestos simples podem dizer muito. No Vaticano, um desses atos chamou atenção: uma freira francesa, de hábitos discretos, mas alma barulhenta de afeto, atravessou a Praça São Pedro e quebrou o protocolo para se despedir de um velho amigo. Ela não era uma figura de destaque na hierarquia da Igreja, mas seu gesto falou mais alto do que mil discursos.Geneviève Jeanningros, 81 anos, não hesitou ao se aproximar do caixão do papa Francisco durante as homenagens fúnebres. Integrante da Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, a religiosa segue os passos de Charles de Foucauld, priorizando “o Evangelho vivido, a pobreza total e, sobretudo, o amor”.CONTEÚDO RELACIONADOPapa Francisco deixa reflexões sobre morte e velhice em livroVaticano abre velório de papa Francisco ao público e multidão se despedeO que é o conclave? Entenda o ritual de escolha do novo papaA freira vive em um trailer na região de Ostia, bairro à beira-mar de Roma, onde divide a rotina com trabalhadores do Luna Park, incluindo pessoas de baixa renda e da comunidade LGBTQIAP+, especialmente mulheres trans. “Não, eu não pergunto”, respondeu, ao ser questionada sobre a orientação sexual daqueles com quem convive. “Ir aonde a Igreja tem mais dificuldade de ir” é o que a move.Quer mais notícias internacionais? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.AMIZADE DE LONGA DATAO laço entre Geneviève e Francisco é antigo e sólido. Após a eleição do papa, ela escreveu-lhe contando sobre sua tia, Léonie Duquet, missionária desaparecida na ditadura argentina. O contato virou amizade, alimentada por cartas, bilhetes e empanadas feitas por mulheres trans argentinas que o pontífice passou a apreciar. “Sim, nos queremos bem”, disse Francisco certa vez.A conexão se intensificou em junho do ano passado, quando Geneviève participou de uma audiência geral acompanhada de um grupo diverso – homossexuais, transexuais, um casal de catequistas e uma jovem da Pastoral Carcerária. “O Papa nos acolheu. Nem sei como descrever isso!”, disse a freira, em entrevista ao Vatican News.SÍMBOLO DE ACOLHIMENTOPara muitos que ela acompanha, Francisco foi um símbolo de acolhimento inédito. “Elas o querem muito bem porque é a primeira vez que pessoas trans e gays são acolhidas por um papa. O agradeceram porque finalmente encontraram uma Igreja que foi ao encontro delas.”Durante anos, Geneviève marcou presença na Praça São Pedro às quartas-feiras, levando com ela rostos e histórias diferentes. Para ela, o encontro com o papa era sempre uma chance de abrir caminhos. “Nestes mundos vemos passar pessoas de todos os tipos e o coração se abre, somos pessoas humanas, não se pode ter um julgamento restrito.”QUEBRA DE PROTOCOLONo adeus a Francisco, ela não levou um grupo, nem cartas, nem empanadas. Levou apenas o silêncio de um gesto que dizia tudo: a presença de quem amou e foi amado – sem restrições.VEJA O VÍDEO:
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