A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem registrado ocorrências frequentes de uso de substâncias como anfetaminas e cocaína por motoristas, principalmente caminhoneiros, para prolongar jornadas ao volante. Segundo o polícila rodoviário Araújo Souza, em entrevista à 95FM de Caicó, o uso do “rebite”, nome popular para as anfetaminas, é comum e tem se somado à utilização da cocaína.
“Infelizmente, alguns motoristas insistem em utilizar esse tipo de medicamento e até, por vezes, até mesmo a droga por si. Temos visto também várias ocorrências envolvendo motoristas de caminhão, por exemplo, utilizando cocaína também para poder se manter acordado”, afirmou.
Araújo explicou que as anfetaminas são inicialmente utilizadas com a finalidade de perda de peso, mas causam reações como a insônia, o que leva motoristas a se aproveitarem do efeito para dirigir por mais tempo.
Além do risco de acidentes, há efeitos à saúde dos condutores. “São pessoas que utilizam de forma indiscriminada, utilizam de forma muito elevada, e acabam primeiro, às vezes, ocasionando tanto a dependência física, como às vezes, por vezes, a dependência química”, explicou. “Pode estar afetando aí a pressão arterial, enfim, ou intercorrência de saúde, que ao longo da vida ele vai perceber quando ele parar de usar ou quando ele fizer uso por muito tempo.”
Ele também relatou os riscos do chamado “efeito rebote”, quando o corpo exige descanso de forma abrupta. “O camarada realmente apaga, literalmente, em cima do volante do caminhão, e aí pode realmente causar acidentes graves.”
Em relação às penalidades, o policial citou a Lei nº 11.343, que trata da posse de substâncias proibidas, prevendo punições como prestação de serviços à comunidade. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, o motorista flagrado sob efeito de drogas pode ser enquadrado no artigo 306, com multa de quase R$ 3 mil, suspensão da CNH por até um ano e pena de até três anos de reclusão. Segundo ele. “o motorista é chamado para responder criminalmente.”
Araújo também alertou para o transporte irregular de cargas perigosas. Em uma das fiscalizações, a PRF identificou um caminhão com 3.100 litros de ácido clorídrico sem rótulos de risco, painéis de identificação ou equipamentos de segurança. “Mais um risco que pode ocasionar um acidente.”
Segundo ele, veículos que transportam produtos químicos devem estar devidamente identificados e os tanques precisam ser certificados. “Em caso de acidente, por exemplo, um caminhão desse que tomba, nem mesmo o policial, nem mesmo a população vai ter noção que aquilo é um produto perigoso.”
Ele concluiu reforçando o papel da PRF na fiscalização e conscientização dos motoristas. “O nosso intuito, realmente, é coibir, ter essa conscientização para que realmente o pior não aconteça. […] Muitas vezes ele está envolvendo outras pessoas aí que não têm nada a ver com a viagem ali, por conta de uma droga, por conta de uma situação onde realmente não ter descansado o suficiente.”