Violência no futebol: como a rivalidade e tensões afetam os torcedores

A violência no futebol, particularmente entre torcidas organizadas, continua sendo um problema grave e crescente, gerando episódios de agressão, vandalismo e, em casos extremos, homicídios. Na Bahia, as torcidas organizadas Bamor, do Esporte Clube Bahia, e Os Imbatíveis (TUI), do Esporte Clube Vitória, protagonizam alguns dos confrontos mais intensos e marcantes. Com a decisão do Campeonato Baiano de 2025 se aproximando, no clássico Ba-Vi deste fim de semana, a tensão entre os grupos volta à tona.Recentemente, em janeiro deste ano, um episódio de violência nas proximidades do bairro de Periperi, no Subúrbio de Salvador, resultou na condução de cerca de 100 torcedores à delegacia, sendo 15 deles menores de idade. Além disso, um ataque foi registrado contra torcedores do Bahia em um bar localizado no bairro Engenho Velho de Brotas, demonstrando a continuidade dos conflitos. Esses incidentes, infelizmente, não são isolados, e refletem uma cultura de violência associada às torcidas organizadas no Brasil.A psicóloga Fernanda Lago, especialista em psicologia esportiva, analisou o impacto da violência no futebol, apontando fatores culturais como os principais responsáveis por essas atitudes agressivas. Em entrevista ao Portal MASSA!, ela explicou como a sensação de pertencimento associada ao futebol pode explicar em parte o comportamento dos torcedores. Para ela, o futebol é um ambiente carregado de emoções intensas e, quando esse espaço de identificação se torna hostil e caótico, ele deixa de ser um campo de prazer para se transformar em um gatilho de estresse e insegurança.”A violência associada às torcidas organizadas tem um impacto profundo no futebol, afetando jogadores, torcedores, profissionais do esporte e até mesmo as forças de segurança”, destacou Fernanda. Ela também ressaltou o conceito de “rivalidade extrema”, onde o espírito competitivo saudável é substituído por uma mentalidade agressiva, transformando o adversário em inimigo a ser combatido. De acordo com a psicóloga, a identidade do torcedor muitas vezes se mistura com a do time ou da torcida, e isso contribui para que o clima de hostilidade seja exacerbado.

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Os estádios, historicamente, foram espaços de catarses emocionais para os torcedores, onde podiam expressar suas emoções de maneira intensamente. Contudo, essa permissividade tem sido distorcida e, por vezes, justifica comportamentos que ultrapassam os limites do respeito e da legalidade. Para Fernanda Lago, essa mudança ocorre devido à sensação de que, dentro do estádio, alguns torcedores acreditam que as normas sociais que regem outros ambientes não se aplicam ali.Além disso, a psicóloga alerta para o fato de que a violência já faz parte do cotidiano de muitos torcedores, em especial aqueles que vivem em comunidades com altos índices de criminalidade. Nesse contexto, o futebol acaba se tornando um espaço onde essas tensões acumuladas são descarregadas, perpetuando o ciclo de agressões.Para quebrar esse ciclo vicioso, Fernanda enfatiza a importância de medidas rigorosas de punição e prevenção, além de campanhas educativas que promovam uma cultura de respeito tanto dentro quanto fora dos estádios. “O futebol deve ser um espaço de paixão, não de violência”, concluiu a psicóloga.

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