Roteirista e escritor fala do sucesso de Beleza Fatal: “Mexe com o povo”

“Por mais que os temas sejam provocativos, por mais que o universo seja novo e moderno, ‘Beleza Fatal’ é um novelão clássico”, diz Rapha Montes

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Reprodução/Instagram

Quando criança, o roteirista e escritor Rapha Montes gostava de brincar com bonecos inspirados em desenhos animados e filmes que, curiosamente, ele nunca tinha assistido. Passava horas criando suas próprias histórias para os personagens.Conforme foi crescendo, o interesse migrou para as novelas, que ele amava ver. Daí para se tornar escritor foi outro pulo e, atualmente, já é considerado, aos 34 anos, um fenômeno como roteirista da nova geração com seus textos ousados e, por que não dizer, revolucionários!É ele o criador de “Beleza Fatal”, trama que vai ao ar de segunda a sexta, às 20h30, na TV Tribuna/Band, e que é sucesso tanto entre os telespectadores como nas redes sociais: só se fala dela!“Fui percebendo que eu era um contador de histórias na infância. Conforme fui crescendo, eu assistia a muita televisão, as novelas me formaram”, contou em entrevista para o AT2.“Depois foi a literatura. Me pareceu que a maneira mais fácil de contar minhas histórias era escrevendo livros. Com o sucesso dos livros, tive a chance de trabalhar na TV e no cinema, escrevendo roteiros de filmes, séries e agora novela”, completou.“Beleza Fatal” é seu primeiro folhetim, que já chega no formato “novelão clássico”, mas com uma pitada certeira de modernidade.E um detalhe curioso sobre a trama: Lola, a grande vilã da história, interpretada por Camila Pitanga, foi inspirada em sua própria mãe. “Essa sede de vencer na vida, esse jogo de cintura, essa autoestima que a Lola tem são características da minha mãe”.“Mexe com o povo brasileiro”AT2 – Como surgiu a ideia de “Beleza Fatal”?Rapha Montes – “Beleza Fatal” vem de uma vontade minha de escrever novelas, de fazer uma novela clássica, com elementos muito fortes de novela que eu gostava de assistir nos anos 90. Eu queria fazer uma trama de vingança, com uma mocinha forte, uma vilã carismática, uma mãe de família disposta a tudo. E queria situar essa história tão clássica num mundo contemporâneo. Então, é uma junção do clássico com o moderno.O elenco foi pensado no momento da criação da novela ou só depois?A novela já estava toda escrita quando a gente começou a pensar no elenco. A única atriz que já tinha contato enquanto escrevia foi a Camila Pitanga. A nossa troca foi muito legal.Os demais atores entraram quando a novela estava toda escrita e muitos entraram porque leram a novela e pensaram que ali havia certo frescor, algo novo, uma novela provocativa, com um ritmo mais ágil, temas mais contemporâneos, dilemas e dramas contemporâneos. E isso fez com que atores incríveis, como Herson Capri, Marcelo Serrado, Giovanna Antonelli e Camila Pitanga entrassem na novela de cabeça, querendo fazer personagens diferentes do que já fizeram. O resultado, a gente vê na tela, né? Outro dia, o Marcelo Serrado me ligou para dizer que agora ele é chamado na rua de Doutor Peitão, não mais de Crô.Imaginou que seria esse sucesso todo?Eu sempre escrevo querendo fazer sucesso, então, não vou mentir, sim, queria que fosse sucesso, torcia para que fosse sucesso, fiz com muita dedicação, trabalho, com ajuda de uma equipe maravilhosa de roteiro que escrevia junto comigo, depois entrou uma equipe de produção e direção muito parceira, a diretora-geral Maria de Médicis.Todo o nosso processo foi muito trabalhoso, mas muito feliz, feito com muita vontade, muita sede, para fazer um novelão clássico que fizesse muito sucesso. O sucesso que estamos fazendo é resultado dessa gana.Como foi ser supervisionado por Silvio de Abreu?Foi um presente. Eu brinco que foi meu mestrado e doutorado em telenovela. O Silvio de Abreu tem a experiência de décadas fazendo grandes novelas, que marcaram muitas gerações, e inclusive me marcaram.Então, ter a chance de trabalhar com ele foi um aprendizado enorme e um conforto enorme, porque eu podia ousar na medida em que eu tinha a supervisão dele, e ele me dava a garantia de que, mesmo ousando, eu estava fazendo um clássico. Ou seja, por mais que os temas sejam provocativos, por mais que o universo seja novo e moderno, “Beleza Fatal” é um novelão clássico.Tem planos de escrever novela para a TV aberta?Eu tenho planos de escrever mais novelas. Gostei muito de escrever “Beleza Fatal”, sou um apaixonado por novelas. Acho o desafio de fazer novela para TV aberta muito interessante, é algo que me atrai, eu sou movido a desafios. Não sei se vou escrever, mas, vontade, sim, eu tenho.Muita gente trata novela como uma arte menor. Para você, qual o peso das novelas dentro da cultura brasileira?É uma ignorância considerar a novela uma arte menor. E eu ousaria dizer que novela é a maior das artes. No Brasil, junto com a música, até hoje mexe com o povo brasileiro. E é o que agente exporta para o mundo. A novela talvez seja considerada “menor” por ser um produto popular. Numa sociedade tão desigual como a nossa, tudo que é popular pode ser visto com maus olhos. A novela é expressão dramática mais brasileira que eu posso imaginar, porque ela trabalha com melodrama, com as emoções, com as características do povo brasileiro, e ela entra na casa do brasileiro gerando discussão e fazendo mudanças na sociedade, como tantas já fizeram.Qual novela gostaria de ter sido o autor?Acho que a novela que eu adoraria fazer um remake é “A Próxima Vítima”. Eu acho que o bom remake é aquele que homenageia e respeita o original, mas traz também o frescor autoral da nova pessoa que está fazendo.

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