Famílias fortalecem vínculos por meio do cuidado com plantas

São mais de 100 plantas espalhadas nos 1.200 metros quadrados da casa do gaúcho Valmor Terres. Ele mora há 24 anos em Salvador e se apaixonou pelo clima quente da capital que contribui para o cultivo de pés de sapoti, biribiri e amora, plantas que mantém no quintal de casa. O cuidado é dividido entre ele e a sogra, Alda Oliveira. “Ela rega, enquanto eu podo”, conta. Assim como Valmor e Alda, famílias amantes de plantas abriram as portas em Salvador para Muito+ e contaram como dar vasão ao verde em casa.A mudança de Valmor para a Bahia com a esposa foi o pontapé para imprimir aqui o estilo de vida que tinha no sul do país. A relação do empresário com as plantas começou na infância. Aos 10 anos, ele comercializava pés de alface plantados pelo pai, no interior do Rio Grande do Sul. O terreno da família na capital baiana é dominado por plantas que são cuidadas por Valmor e Alda.Parceria também é palavra de ordem na casa do biólogo Gabriel Guerra e do designer Thomaz Lucas. Apesar do mestrado em botânica de Gabriel, é Thomaz quem fica à frente da manutenção das plantas do apartamento. “Gabriel é quem traz as plantas para casa, geralmente relacionadas com a pesquisa dele”, diz o designer. “Ele traz e eu cuido”.Thomaz começou a gostar de plantas ao ver a avó cultivando diferentes espécies, quando ainda era pequeno. “Ela mexia na terra, fazia tudo crescer”, diz. Essa relação familiar o inspirou a oferecer serviços de consultoria e manutenção de espécies ornamentais, na empresa Quintal de Vó, inaugurada por ele em 2020. Além das orientações, o designer também vende kokedamas. A técnica criada no Japão envolve as raízes da planta em um substrato com musgo em formato de bola, que dispensa o uso de vasos.A paixão pelo verde também virou um negócio para Valmor. Ao lado da esposa, ele toca uma produção de rosas do deserto, planta suculenta da espécie Adenium obesum, da família Apocynaceae. “Era tanta rosa em casa que eu tive que tirar daqui e levar para um sítio da família em Vila de Abrantes [em Camaçari]”, conta o empresário.É neste sítio que ele se dedica a pesquisar e polinizar novas flores, como a Alda-1, criada por Valmor e que leva este nome em homenagem à sogra. “Faço tudo manualmente”, conta. “Levo o pólen de uma flor até a outra e crio novas espécies”. As pétalas coloridas são a paixão de Alda. “Ela contratou um marceneiro só para fazer um orquidário e cuida das flores diariamente”, diz o gaúcho.

Gabriel Guerra e o marido Thomaz Lucas. Ele é botânico e o marido é amante das plantas

|  Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

CarinhoAssim como Valmor e Alda, a zootecnista Pamela Bellotto pretende transformar o carinho pelas plantas em um hábito familiar. Grávida de nove meses de Bernardo, a baiana planeja ensinar ao pequeno sobre os cuidados com as espécies que tem em casa. “Faz parte da minha rotina e fará parte da dele também”, projeta.Pamela dedica um tempo exclusivo para cuidar das plantas que tem em casa. Pela manhã, enquanto faz o café, ela molha e posiciona cactos, suculentas e jiboias em uma área da casa com bastante incidência do sol matinal. A luz natural do apartamento em que Pamela mora hoje é um diferencial no cuidado com as plantas. A casa em que a zootecnista vivia antes era muito escura, o que dificultava o cultivo. “Eu perdi muitas plantas por falta de sol”.A jiboia amarela, cientificamente conhecida como Epipremnum aureum, é a planta favorita de Pamela no apartamento. A trepadeira, cultivada com carinho por ela, é uma herança de família. “Essa jiboia começou a morrer logo após o falecimento da minha mãe, só restou um raminho”, lembra. Pamela cultivou o ramo com afinco e cuidado. “Hoje ela está bem e enorme, é uma lembrança da minha mãe”.

Pamela Belloto é amante das plantas e reservou um espaço grande em casa para elas

|  Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

CuidadosPara Thomaz, a melhor técnica de aperfeiçoamento no trato com as plantas é a prática diária. “É preciso colocar a mão na terra. O cultivo é um processo contínuo de aprendizado”, afirma. Gabriel concorda. A especialização em botânica do biólogo veio justamente do reconhecimento da importância da busca por informação. “Quando me dei conta, já estava apaixonado por essa ciência e cheio de plantas em casa”, relata.Gabriel explica que o clima de Salvador é excelente para cultivar a maioria das plantas ornamentais. As da família Araceae, conhecidas pelas folhas vistosas, se destacam. Entre as espécies citadas por Gabriel estão as zamioculcas, jiboias, filodendros e singônios. “São ótimas para apartamento”, afirma. Além dessas, as espadas-de-Ogum também são excelentes opções para ambientes internos. Para locais com boa iluminação, é possível cultivar cactos como o rabo-de-macaco, o cacto-macarrão e o mandacaru.O biólogo explica que é recomendável evitar plantas nativas de regiões subtropicais, que se desenvolvem melhor em ambientes com temperaturas médias mais amenas. Estão na lista as azaleias, hortênsias, pinheiros e roseiras. “Cultivar estas plantas no clima de Salvador não é impossível, mas pode ser um desafio, especialmente para quem tem pouca experiência”.Para facilitar o trato com as plantas, Valmor e a sogra Alda escolheram cultivar plantas rústicas. Assim, até os filhos e netos participam do cuidado. “Eles ajudam na rega no fim de tarde, vira uma brincadeira”, conta o gaúcho. Na hora de fazer uma receita com as crianças, os ingredientes são colhidos diretamente de uma bancada hidropônica de vegetais montada por Valmor. “São as plantas fazendo parte da família”.

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