Solidão já afeta várias gerações e vira um dos “males do século”

No Espírito Santo, 294.568 pessoas moram sozinhas, revelam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas morar sozinho não quer dizer, necessariamente, viver de modo solitário. O problema, segundo especialistas, é que a solidão tem afetado diferente gerações – seja quem mora só ou não – e tem se tornado um dos “males do século”.Mais de 50% dos brasileiros afirmaram se sentir solitários, segundo pesquisa Ipsos, de 2021. Na época, período de pandemia, o Brasil ocupou o topo do ranking. Os efeitos estão até hoje “respingando” na população.O aumento da conexão com a tecnologia é um dos fatores para a desconexão social. “No jovem, esse sentimento (de solidão) pode estar ligado ao processo de descoberta da identidade e ao medo do não pertencimento, além do maior tempo de tela e redes sociais, em detrimento das relações interpessoais de forma presencial”, analisa o psiquiatra Paulo Antonio de Lima.“Existem estudos e pesquisas que sugerem que a solidão é maior nos jovens, diminuindo na vida adulta e novamente aumentando nos idosos”, destaca.Enquanto as taxas de isolamento social são mais elevadas entre os idosos, de acordo com a psiquiatra e professora do Unesc Karen de Vasconcelos, os adultos jovens reportam quase o dobro de sensação de solidão. “Além disso, esse fenômeno tem se intensificado entre os jovens ao longo dos últimos 40 anos. Também é possível notar que adultos de baixa renda têm maior propensão a vivenciar solidão quando comparados aos de renda mais alta”, aponta.Na meia-idade, a solidão pode causar crises existenciais e também aumentar o risco de depressão, alerta o psiquiatra João Guilherme Marchiosi, do Hospital Santa Rita. “Nos idosos, o risco de depressão também existe, mas outras causas costumam estar presentes. A solidão é uma delas, mas tende a ser um pouco mais bem tolerada que nas outras fases da vida”.Motivos de solidão em diferentes fases da vidaJovens> Pressão socialJovens frequentemente se sentem pressionados a se encaixar em padrões sociais, como manter um grande número de amigos. Esse pensamento pode estar ligado ao processo de descoberta da identidade, o que pode levar a sentimentos de inadequação e isolamento.> Redes sociais O uso excessivo de redes sociais pode criar uma falsa sensação de conexão, em detrimento das relações interpessoais de forma presencial.> Mudanças de vidaTransições como a escolha da faculdade, o início da vida profissional ou o término de relacionamentos podem desencadear sentimentos de solidão.Adultos> ResponsabilidadesAdultos de meia-idade frequentemente se sentem sobrecarregados com responsabilidades familiares e profissionais. O foco no trabalho, na criação dos filhos e em compromissos financeiros pode fazer com que amizades e relações sociais fiquem em segundo plano. > Mudanças de vidaDivórcios, perda de emprego e outras mudanças de vida podem desencadear sentimentos de solidão.> Síndrome do ninho vazio A saída dos filhos de casa pode levar a sentimentos de solidão e falta de propósito.Idosos> Isolamento socialIdosos frequentemente enfrentam isolamento social devido à perda de entes queridos, à aposentadoria e à diminuição da mobilidade.> Problemas de saúdeDoenças crônicas, deficiências e outros problemas de saúde podem dificultar a interação social e levar a sentimentos de solidão.> Falta de propósitoA aposentadoria pode levar a sentimentos de falta de propósito, ocasionando a solidão. Além disso, o avanço da tecnologia pode criar barreiras na comunicação com as novas gerações, dificultando a conexão com filhos e netos.Fonte: Especialistas consultados e pesquisa AT.
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