ONG ‘Me Too Brasil’ se complica após não apresentar provas contra Silvio Almeida

Silvio Almeida e Marina Ganzarolli
Silvio Almeida e Marina Ganzarolli

Em setembro de 2024, o então ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a ONG Me Too Brasil divulgar denúncias de assédio sexual contra ele. As acusações incluíam relatos de algumas mulheres, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Contudo, surgiram questionamentos sobre a consistência dessas denúncias. Relatórios fornecidos pela ONG à Polícia Federal não apresentavam datas específicas nem detalhes sobre os supostos incidentes, levantando dúvidas sobre a veracidade das acusações.

Além disso, a decisão de confirmar as denúncias não foi submetida ao conselho da Me Too Brasil. As quatro conselheiras da organização — Maria Amélia Teles, Kenarik Boujikian, Neon Cunha e Silvia Pimentel — souberam das acusações pela imprensa, indicando uma possível falha nos procedimentos internos da ONG.

Silvio Almeida negou veementemente as acusações, afirmando ser alvo de uma campanha difamatória. Ele acusou a Me Too Brasil de tentar interferir na licitação do Disque Direitos Humanos, alegando que a ONG levantou suspeitas infundadas de superfaturamento. Em resposta, a Me Too Brasil e sua diretora, Marina Ganzarolli, protocolaram uma queixa-crime por difamação contra Almeida no Supremo Tribunal Federal, argumentando que ele extrapolou os limites da liberdade de expressão.

Diante das inconsistências nas denúncias e da forma como foram conduzidas, surgiram especulações de que Silvio Almeida poderia ter sido vítima de uma armação visando prejudicar sua reputação ou removê-lo do cargo no governo Lula. Até o momento, as investigações prosseguem, e não há conclusões definitivas sobre a veracidade das acusações ou sobre a possibilidade de uma conspiração contra o ex-ministro.

Segundo a Folha de S.Paulo, as quatro conselheiras da Me Too foram orientadas a não conceder entrevistas. A diretora da ONG também não se manifestou sobre as possíveis fragilidades das denúncias.

O QUE É A ME TOO BRASIL?

A ONG Me Too Brasil presta apoio a mulheres e homens vítimas de violência sexual desde 2020. A origem da ONG vem do movimento Me Too, que surgiu em 2006 nas redes sociais. Naquele ano, a ativista americana Tarana Burke usou a hashtag #MeToo (eu também, em português), no MySpace, para dar apoio a uma adolescente de 13 anos vítima de abuso sexual.

Em 2017, o movimento ganhou força quando a imprensa americana revelou que o cineasta Harvey Weinstein foi acusado de ter cometido crimes sexuais contra dezenas de mulheres. A repercussão da hashtag nas redes sociais foi um fator que levou Weinstein a ser condenado a 16 anos de prisão.

A ONG que revelou as denúncias contra Silvio Almeida foi criada em 2020 na esteira do movimento americano. Marina Ganzarolli, advogada especializada em Direito da Mulher, é a fundadora e presidente da organização. Segundo o site do Me Too Brasil, o intuito do grupo é “quebrar o silêncio” de vítimas de crimes sexuais, ofertando um espaço de denúncias anônimo para elas.

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