Pará lidera produção de soja, milho, cacau e criação de búfalos

O Pará é líder nacional na produção de commodities como soja, milho e cacau, além de ser uma referência na pecuária bovina, com um dos maiores rebanhos do Brasil. Um crescimento impulsionado pela expansão das áreas cultivadas, uso de tecnologia e investimentos em infraestrutura logística, como rodovias, hidrovias e portos, que facilitam o escoamento da produção. Assim, o setor agropecuário paraense firma-se como potência econômica, mantendo-se na vanguarda produtiva da Região Norte e consolidando-se como a fronteira agrícola da Amazônia. É o que constata o “Boletim Agropecuário do Pará 2024”, desenvolvido pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

Um dos principais dados é referente à pecuária, atividade econômica estratégica no Pará, destacando-se como uma das principais fontes de riqueza e desenvolvimento regional. O estado possui o maior rebanho bovino da região Norte, passando de 1,6 milhão de cabeças em 1977 para 25 milhões em 2023, representando um aumento de mais de 15 vezes e alcançando o maior volume da série histórica.

No âmbito nacional, o Pará é o segundo maior produtor, com 10,5% do rebanho total do Brasil. Quatro municípios paraenses tiveram destaque na pecuária brasileira em 2023, sendo São Félix do Xingu o maior produtor do Brasil, registrando um rebanho de 2,5 milhões de cabeças. Marabá ocupa a quinta posição no ranking nacional e Novo Repartimento a sexta posição, ambos com 1,3 milhão de cabeças. Altamira, por sua vez, alcançou a oitava colocação, com 1,1 milhão de cabeças.

O Pará lidera também o maior rebanho bubalino do país, consolidando-se como o principal estado nessa atividade pecuária. Em 2023, o estado foi responsável por 40,9% do efetivo nacional, contabilizando 683,6 mil cabeças, um crescimento expressivo de 6% em relação ao ano anterior. Chaves lidera o ranking estadual com 237,2 mil cabeças de búfalo, representando 34,7% do total. Soure, segue como segundo maior produtor estadual com 105,4 mil cabeças, contribuindo com 15,4% do rebanho. Cachoeira do Arari ocupa a terceira colocação, com 8,2% do rebanho paraense, equivalente a 55,8 mil cabeças.

Foto: Bruno Cecim / Ag.Pará

Liderança – A diversidade da atividade pecuária no estado inclui ainda a criação de aves, equinos, suínos, ovinos, caprinos e a exploração de produtos de origem animal. O rebanho ovino apresentou o maior avanço percentual em 2023, com um crescimento de 3,8%, seguido pelo rebanho equino, que cresceu 1,9%. O rebanho suíno também registrou aumento de 1,1%, enquanto o rebanho caprino teve um crescimento mais modesto, de 0,1%. A atividade de criação de galináceos também registrou crescimento, com um aumento de 0,5%.

“O Boletim constrói a partir de uma análise de dados, um panorama estrutural e conjuntural das atividades agropecuárias e de seus principais produtos. Para isso, utilizamos indicadores da produção pecuária, da pesqueira, da produção agrícola, do extrativismo e da silvicultura, do contexto do mercado de trabalho do setor, do panorama do crédito rural e das suas exportações. Assim, esperamos que o estudo contribua para o debate de políticas públicas eficazes, incentivos financeiros e engajamento da sociedade para equilibrar produtividade, conservação e mitigação dos impactos climáticos na agricultura, especialmente em um ano que Belém se torna o centro dos debates sobre o futuro do planeta e o setor necessita tecer o equilíbrio entre produção e preservação ambiental”, pontua Márcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa.

Pecuária – Entre 1997 e 2023, a produção de carnes no Pará teve um crescimento notável, mais de seis vezes, passando de 128,5 milhões de toneladas para 866,6 milhões de toneladas, o que representa um aumento absoluto de cerca de 738,1 milhões de toneladas. Em 2023, o Pará exportou 106,2 mil toneladas de carnes, com dez municípios representando mais de 99% dessas exportações.

O município de Água Azul do Norte é o principal exportador, com 28,2% de participação nas exportações estaduais. Rio Maria ocupou a segunda posição, com 19,6%, seguido por Castanhal, que contribuiu com 16,2% das exportações. Esse crescimento é um reflexo da expansão da pecuária no estado e do aumento da capacidade produtiva da indústria de carnes paraense. A carne bovina continua sendo a principal fonte de produção, seguida da carne de frango, que tem mostrado um crescimento expressivo ao longo dos anos.

Foto: Pedro Guerreiro / Ag. Pará

O Boletim traz ainda dados sobre outros produtos. O leite colocou o Pará na 13º colocação entre os estados com maior produção de leite no Brasil em 2023, atingindo 0,6 bilhões de litros, crescimento de 0,4% em relação ao ano anterior. Quanto ao mel de abelha, o Pará ocupou a 14ª posição entre os estados brasileiros na produção, com um volume de 0,7 mil toneladas, representando 1,1% da produção nacional, sendo o município de Capitão Poço o maior produtor estadual.

Já na produção de ovos de galinha, o estado do Pará produziu 39,8 milhões de dúzias de ovos, e mais de 83% dessa produção veio de apenas dez municípios, sendo Santa Izabel do Pará o maior produtor, com 14,5 milhões de dúzias, representando 36,4% da produção estadual.

Agricultura – O Pará destaca-se no cenário agrícola nacional por sua vasta extensão territorial e pela produção de culturas estratégicas, mantendo uma posição de liderança na produção de mandioca (3,8 milhões/T), dendê (2,8 milhões/T) e açaí (1,6 milhões/T), cujos volumes superam significativamente a média nacional. Além disso, o estado também se sobressai na produção de banana (0,4 milhões/T), abacaxi (0,3 milhões/T), coco da baía (0,2 milhões/T), cacau (0,1 milhões/T) e pimenta do reino (0,04 milhões/T), reforçando seu papel no fornecimento de alimentos para consumo direto e para uso como insumos industriais.

Entre 2000 e 2023, a agricultura do Pará apresentou crescimento médio de 7,6% ao ano no valor da produção. Nos últimos quatro anos do período analisado, o crescimento foi consecutivo, culminando com um recorde de R$ 28,6 bilhões no valor da produção agrícola em 2023. Esse avanço também refletiu um aumento da participação do Pará no cenário nacional, com sua contribuição no valor da produção agrícola do Brasil passando de 2,4% para 3,5%. Igarapé-Miri destacou-se como o principal município produtor estadual, com 9% de participação, seguido por Paragominas (7,2%) e Dom Eliseu (4,4%).

Mercado de trabalho – No Pará, 509 mil pessoas ocupavam o setor agropecuário em 2023. No curso da série histórica de 2002 a 2023 de emprego formal, a evolução do estoque no estado atingiu 274,2%, o que representou um acréscimo de 47 mil vínculos. De 2022 a 2023, o emprego formal cresceu 1,3%, totalizando 63,8 mil vínculos.

Foto: Pedro Guerreiro / Ag. Pará

Na distribuição municipal dos vínculos formais do setor agropecuário, o município de Tailândia foi o que registrou a maior participação, seguido de Moju e Paragominas, com participações de 5,9% e 5,5%, respectivamente. O maior crescimento identificado entre os dois anos de análise foi em Concórdia do Pará, com variação de 18,1%. A criação de bovinos para corte foi o setor com mais vínculos no estado, acumulando participação de 37,6% em 2023. Em seguida, aparecem cultivo do dendê, com participação de 21,8%, e criação de frangos para corte, com 6% dos vínculos formais. O cultivo de açaí registrou o maior crescimento dentre as principais atividades, da ordem de 36,5% em um ano.

Exportação – Com a agropecuária paraense aquecida e empregando, o Estado destaca-se como um dos principais polos agroexportadores do Brasil. O Pará exportou 5,5 milhões de toneladas de produtos agropecuários, aumentando esse quantitativo em 33,5% frente a 2022. Na série histórica, entre os anos 2000 e 2023, houve variação estadual positiva de 587,4%.

Dentro do panorama nacional, o Pará avançou para a 11ª colocação entre os estados que mais exportaram produtos agropecuários, com participação de 3% em 2023 e aumento de 34,7% em relação ao ano anterior. O município de Paragominas registrou a maior participação estadual, alcançando 25,1% e crescimento de 48,8% em um ano. Em seguida, vem Santarém, com 21,9% de participação e crescimento de 30,6% frente a 2022.

Os produtos do reino vegetal representaram 91% de todo o quantitativo exportado, indicando a tendência de demanda do mercado internacional. Em seguida, encontra-se a exportação de madeira, que correspondeu a 4% do total. Sequencialmente, aparecem os animais vivos e produtos do reino animal, com 4%, e gorduras e óleos animais e vegetais, com 1%.

Os principais produtos agropecuários exportados foram a soja e o milho. Em 2023, a soja participou com 61,3% do total de volume exportado, crescendo 32% em comparação a 2022 e valor de exportação de US$1,6 bilhão. O milho apresentou variação de 44,7% entre 2022 e 2023, registrando participação de 33,4% e valor exportado de US$ 401,6 milhões.

“Esse trabalho produzido mostra claramente a pujança do agronegócio paraense, que se consolida como o principal da região Norte e um dos principais do país liderando a produção nacional em várias culturas de relevância para o país e para a região. Aliado a um trabalho de incremento tecnológico, o agronegócio paraense tem condições de se manter na liderança e dar um exemplo de produtividade e respeito ao meio ambiente. Os nossos estudos apontam esse caminho e as pesquisa fomentadas pela Fapespa junto com as universidades paraenses vão trazer cada vez mais soluções tecnológicas para a intensificação da produção agrícola e o aumento da conservação da floresta amazônica”, avalia o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

(Agência Pará)

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