Indígenas exigem antecipação de receita e interditam Ferrovia Carajás

Das mais de 30 aldeias da Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, menos de dez estariam envolvidas no fechamento da Estrada de Ferro Carajás, que iniciou neste domingo (9), à altura do Km 692, em um ponto em que a EFC corta a terra indígena.

Com isso, os trens que transportam minério para a Vale e, também o de passageiros, estão impedidos de circular entre Parauapebas e São Luís por tempo indeterminado. A Reportagem levantou que de 2021 para cá, a Vale já repassou aos indígenas cerca de R$ 150 milhões, uma média de R$ 2,7 milhões por mês, além de recursos do Plano Básico Ambiental. E é exatamente esse plano que uma parte dos indígenas está inconformada com os termos que eles mesmos assinaram recentemente e exigem renegociação.

A manifestação ocorre paralelamente ao velório d de Mirian Saraiva, esposa de David Kakoktyire, que é indígena da TI Mãe Maria e faleceu no Hospital Municipal de Marabá neste domingo, após um acidente de trânsito na Nova Marabá e uma polêmica em torno de sua transferência para o Hospital Regional Público do Sudeste Dr. Geraldo Veloso.

NOTA DA VALE

A Vale divulgou nota ainda no domingo, falando sobre o bloqueio da Estrada de Ferro Carajás e ainda sobre as negociações com os indígenas, garantindo que não há repasses em atraso segundo o que foi acordado entre as partes. Leia a íntegra da nota:

“As viagens no trem de passageiros da Vale estão suspensas nestas segunda (10) e terça-feira (11), no trecho de Parauapebas a São Luís (MA), devido à interdição da Estrada de Ferro Carajás (EFC) por integrantes do Povo Indígena Gavião na Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, no Pará.

A Vale afirma que as obrigações assumidas pela companhia, previstas em acordo aprovado pelas associações que representam as comunidades indígenas e homologado pelo Poder Judiciário, vêm sendo cumpridas integralmente, o que inclui repasses financeiros mensais para aplicação em ações nas áreas de infraestrutura, saúde, proteção territorial, valorização cultural, entre outras iniciativas para o etnodesenvolvimento nas aldeias.

Conforme a companhia, os passageiros que perderem as viagens podem remarcar o bilhete ou pedir o reembolso do valor investido na compra da passagem no prazo de até 30 dias. Mais informações sobre reembolso ou remarcação podem ser obtidas no Alô Vale (0800 285 7000)”.

A Vale não informou se ingressaria na Justiça Federal pedindo a desocupação da Estrada de Ferro Carajás. A empresa destaca em sua nota o impacto com a paralisação do trem de passageiros, mas não cita quantas toneladas de minério deixa de transportar por dia pela EFC.

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