Atriz Angela Dippe traz à cidade o solo ‘Da Puberdade à Menopausa’

Com humor afiado e um olhar sensível sobre as transformações do corpo feminino ao longo da vida, a atriz Angela Dippe desembarca em Salvador para apresentar o monólogo Da Puberdade à Menopausa. O espetáculo será encenado nos dias 14 e 15 de março, no Teatro Faresi, sempre às 20h.O monólogo estreou em 2022, no Teatro Eva Herz, em São Paulo, mas essa é a primeira vez que ele será apresentado aqui na capital baiana. Escrito e protagonizado pela própria atriz, o espetáculo aposta em uma mistura de comédia stand-up, palestra e narrativa autobiográfica que constrói um enredo envolvente e acessível a todas as idades.Ao longo de seu relato, ela desenvolve temas como relacionamentos amorosos, padrão de beleza, cultura do patriarcado, machismo, sexo na maturidade e etarismo.“Resolvi criar esse espetáculo por causa da minha própria trajetória hormonal. Sempre tive uma relação complicada com a menstruação – nunca gostei de menstruar e, por isso, cheguei a colocar um implante para interromper o ciclo, mas não funcionou. Nunca quis ter filhos, mas, ainda assim, passei por um processo de fertilização in vitro, que também não deu certo”, relata.“Este espetáculo reúne elementos de todos esses gêneros teatrais. É um monólogo porque estou sozinha no palco, com uma estrutura teatral que inclui trilha sonora, iluminação e algumas dramatizações”, acrescenta a atriz.No auge dos seus 63 anos, a atriz conduz a plateia por uma verdadeira montanha-russa de emoções, contrastando essa realidade com a dos homens, que, segundo ela, vivem em um “movimento retilíneo e uniforme, sem atrito e sem aceleração”.De acordo com a artista, o texto também traz informações científicas.“Neste espetáculo, consigo abordar temas mais densos de forma leve. Comecei a estudar e pesquisar bastante, porque o tema tem um forte embasamento científico. Estamos falando sobre essa jornada hormonal feminina, que impacta a vida das pessoas de diferentes maneiras. Então, tem essa mistura de dados científicos com experiências pessoais”, pontua.Para Angela, o humor é um caminho para abordar temas densos de forma acessível. “Sempre trabalhei com comédia, então esse espetáculo não poderia ser diferente. Quando você ri de um assunto que parece pesado, ele se torna mais digerível, mais fácil de assimilar”, reflete.O humor como aprendizadoA interação com a plateia também é um dos pontos altos do monólogo. “Tem elementos de stand-up, porque falo diretamente com o público, conto minhas histórias, e muitas vezes as pessoas se veem nelas. Isso cria um vínculo muito forte”O sucesso da peça levou Angela a ampliar a discussão para outros formatos. Atualmente, ela está escrevendo um livro sobre a temática do envelhecimento feminino.“Entrevistamos atrizes de 50, 60, 70 e até 80 anos para entender suas vivências e desafios”, adianta.“Ainda há muita lenha para queimar nesses assuntos todos. Cada um desses temas, por si só, já daria origem a vários projetos. É como descascar uma cebola: se eu focasse apenas na questão do nascimento no Brasil, já teria um universo inteiro para explorar – parto, gravidez, a escolha pela maternidade ou não. Por exemplo, mulheres indígenas, ao irem para o hospital, muitas vezes precisam de uma rede para repousar, porque cresceram com esse costume e é assim que se sentem confortáveis. Só esse recorte já abriria espaço para uma discussão enorme “, detalha.Com passagem marcada para alguns estados do Brasil, a artista diz estar curiosa para saber como o público soteropolitano vai reagir. “Dizem que no Sul o pessoal é mais frio, aplaude menos, em São Paulo é um pouco mais caloroso… e Salvador? Como será que vai ser? Estou animada para descobrir”, brinca.A diversidade cultural e social de cada lugar também impacta a forma como o público se relaciona com a peça. “A questão hormonal afeta todas as pessoas que ciclam, mas os recortes sociais e econômicos fazem com que cada uma lide com isso de maneira diferente. Algumas mulheres nem têm tempo de se questionar sobre menopausa, por exemplo, porque estão ocupadas com questões mais urgentes”, observa a atriz.Mesmo assim, ela acredita que o espetáculo tem um viés universal. “Já tive plateias muito diversas, de diferentes cidades e realidades, e o retorno sempre foi positivo. As pessoas se identificam, se emocionam, e isso é muito gratificante”, celebra.Da Puberdade à Menopausa / Dias 14 (sexta-feira) e 15 (sábado), 20h / Teatro Faresi (antigo ISBA) / Plateia VIP: R$ 120 e R$ 60 / Plateia: R$ 80 e R$ 40 / Vendas: Sympla e bilheteria do Teatro / Classificação: 14 anos*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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