O estilo, hoje incomum, de Luiz Dantas fazer política

A morte do agrônomo e pecuarista Luiz Dantas nesta quarta-feira, aos 76 anos de idade, vítima de câncer, priva a comunidade alagoana de um das suas figuras mais representativas.

Pai do governador Paulo Dantas, ele exerceu diversas funções públicas e privadas, tendo sido presidente da antiga indústra de laticínios Cila (depois Camila) e depois secretário estadual da Fazenda e de Saneamento e Energia.

Foi também quatro vezes deputado federal e, posteriormente, deputado estadual, encerrando a trajetória política como presidente da Assembleia Legislativa.

Luiz Dantas sempre fez política num estilo mais tradicional, tendo como principal característica honrar a palavra assumida.

Em 1990, concorreu pela primeira vez à Câmara dos Deputados, pelo PSC, e fui contratado pela coordenação da sua campanha para ser seu assessor de comunicação.

Por conta de outros compromissos que me surgiram na época, atuei na campanha apenas pouco mais de um mês e precisei me ausentar do Estado por cercs de 90 dias.

A seu pedido, indiquei um colega jornalista para me substituir e ao voltar a Alagoas, com Luiz Dantas já eleito deputado federal, tomei conhecimento de que seu comitê não havia cumprido com nenhum dos pagamentos acertados com meu substituto.

Ao me receber para tratar do assunto, Luiz Dantas me explicou que o responsável por esse setor não era de Alagoas e que havia deixado outras pendências financeiras antes de retornar para o seu Estado.

Ao me perguntar sobre qual o valor devido, eu disse que bastava pagar o que havia sido acertado, ao que Luiz Dantas retrucou:

“Nada disso. São três meses de atraso e é justo que o valor seja corrigido.”

De imediato, assinou um cheque com valor corrigido em relação ao que havia sido combinado e me entregou, sem cruzar nem identificar o portador.

Na sua frente, cruzei o cheque, escrevi como portador o nome do colega que havia me substituto na campanha e saí da sua casa diretamente para entregar o documento.

Esse era o jeito de ser de Luiz Dantas.

Bem ao estilo “palavra dada, palavra cumprida”, algo incomum na politica atual.

Preservamos desde aquela época uma amizade recíproca, apesar do distanciamento nos últimos anos, por contingências do cotidiano.

 

 

 

 
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