Dívidas e hospital municipal expõem rusgas entre Álvaro e gestão Paulinho

Nos últimos dias, ao menos dois momentos expuseram rusgas entre os aliados Álvaro Dias (Republicanos) e Paulinho Freire (UNIÃO), respectivamente ex-prefeito e atual prefeito de Natal.

As diferenças envolveram principalmente questões de dívidas e da inauguração do hospital municipal. Primeiro, Álvaro foi ao programa “12 em Ponto” da 98 FM, na última quinta-feira (27), e questionou o motivo de Paulinho não ter aberto o novo hospital, que teve a obra da primeira etapa entregue em 30 de dezembro, penúltimo dia do ex-prefeito na gestão.

“O hospital municipal tá concluído a primeira etapa. Veja bem, o hospital tem várias etapas, é um hospital grande, gigante, 240 vagas, então nós concluímos a primeira etapa com 100 leitos de enfermaria e 20 de UTI. Agora, veja bem, não está funcionando. Não, não está funcionando. Aí, claro, o prefeito Paulinho Freire deve ter os seus motivos pra não ter colocado em funcionamento ainda”, disse.

“Ele [Paulinho Freire] pode pegar e colocar amanhã se ele tiver com a infraestrutura ou se ele quiser, por exemplo, parar com aquele hospital, o médico cirúrgico, antigo médico cirúrgico, se ele quiser fechar ali, transferir os leitos lá pro hospital municipal municipal, transferir a equipe de médico, de enfermeiro, ele funciona lá, tá pronto. Ele que tem de ver o que é que ele vai fazer. Vai desativar lá e ativar aqui? Ou se ele quer aumentar, ampliar os serviços? Se ele quer fazer uma PPP, uma parceria público-privada?”, continuou Dias.

Um dia antes da entrevista de Álvaro, o vereador Luciano Nascimento (PSD) — integrante da bancada de apoio ao prefeito Paulinho Freire (União Brasil) na Câmara Municipal — criticou Dias, a quem também apoiava, por inaugurar o Hospital Municipal de Natal sem “nenhum leito funcionando” e sem fazer “nenhum atendimento”. A denúncia foi feita em plenário, na sessão de quarta-feira (26).

No final de dezembro, após a inauguração da obra pelo ex-gestor, o parlamentar já havia criticado o fato de o equipamento público de saúde ser entregue mesmo estando inacabado.

“A partir de amanhã [31 de dezembro de 2024], quantos leitos estarão funcionando? Nada está pronto para o atendimento. O que está sendo inaugurado é apenas a estrutura física, sem qualquer previsão de funcionamento. Isso é desrespeitoso”, disse, à época, o vereador.

Álvaro Dias inaugurou o Hospital Municipal no dia 30 de dezembro de 2024, mas o equipamento de saúde ainda não tem data para começar a receber pacientes. O investimento na obra, segundo a Prefeitura de Natal, foi de R$ 140 milhões, em recursos de emendas parlamentares e do Governo Federal, via Ministério da Saúde.

A área construída é de mais de 6 mil metros quadrados. O hospital fica na Avenida Omar O’Grady, próximo à UPA de Cidade Satélite. A primeira etapa, entregue pelo ex-prefeito, custou R$ 37 milhões.

Dívidas com artistas

Já no dia 27, na Câmara Municipal, foi a vez do vereador Tárcio de Eudiane (UNIÃO) — outro da base do prefeito Paulinho Freire — ir à tribuna e reclamar de dívidas que a Prefeitura teria com artistas, referentes a apresentações passadas do carnaval, São João e Natal em Natal, atribuindo os atrasos à gestão de Álvaro.

“Sabemos que ele [Paulinho Freire] pegou a Secretaria de Cultura com uma dívida do carnaval passado, São João passado, eventos passados, e eu quero também cobrar aqui da Secretaria, da Funcarte, como é que vai ficar os músicos que trabalhou [sic] nos outros eventos. Tem uma programação de pagamentos. Muitos me procurou [sic] que quer receber, e eu quero também saber como vai ficar a situação”, comentou o parlamentar.

“Carnaval é bom e o prefeito tá de parabéns porque é cultura, é economia pra nossa cidade, mas também nós [sic] tem que saber os músicos que trabalhou [sic] nos outros carnavais, que não recebeu ainda. E dê prioridade aos músicos daqui quando for pagar, porque os artistas que vem de fora recebe, vai embora, os daqui ninguém sabe quando vai receber”, alfinetou.

Já a vereadora Samanda Alves (PT), que integra o bloco de oposição, usou o seu tempo e também questionou as dívidas da Prefeitura com artistas, enquanto abriu dois créditos suplementares para esse ano que somados chegam a R$ 4.249.000,40. Os créditos para a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Cultural Capitania das Artes foram publicados no Diário Oficial do Município (DOM) da última quinta (27).

“A gente já sabia que o prefeito faria um grande esforço para promover o carnaval da cidade, que é justo, a gente merece, a população merece, até porque ele é empresário nessa área de entretenimento. Mas nós vimos hoje no Diário Oficial a abertura de dois créditos suplementares para a Funcarte que somados chegam a quase R$ 4,5 milhões. E aí fica aqui o nosso questionamento sobre as dívidas que a gestão tem com artistas da cidade desde o ano passado com vereadores dessa Casa que tem emendas para serem pagas na área da cultura, e quando um vereador indica emendas para a área da cultura é para fomentar a cultura do bairro, é para fomentar o trabalho dos artistas da cidade. E a gente tendo acompanhado também o Diário Oficial nos últimos dias, teve a contratação, por exemplo, da banda Cheiro de Amor por R$ 250 mil para uma única apresentação, de trio elétrico no valor de R$ 720 mil. E a gente deixa aqui a nossa pergunta à gestão sobre o pagamento das dívidas com os artistas de Natal, com emendas parlamentares que estão aí atrasadas desde o ano passado. Enquanto isso a gestão acaba de fazer um crédito suplementar no valor de quase R$ 4,5 milhões”, falou a vereadora.

Ainda na 98 FM, mas falando de outras dívidas, Álvaro Dias também contestou o montante da dívida que sua gestão teria deixado para o prefeito Paulinho Freire (União Brasil). De acordo com ele, o valor de R$ 862,9 milhões, apontado no relatório da equipe de transição, coordenada pela vice-prefeita Joanna Guerra (Republicanos), foi “superfaturado”. Joanna também foi secretária municipal de Planejamento na gestão de Álvaro.

O relatório da equipe de transição, nomeada pelo próprio Álvaro Dias e pelo prefeito Paulinho Freire, foi enviado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN). De acordo com o documento, R$ 349,8 milhões do total da dívida referem-se a despesas liquidadas e não pagas e R$ 513 milhões são despesas empenhadas ainda sem cobertura financeira.

O ex-prefeito afirmou que as dívidas “são normais”, mas que os valores estão errados. Questionado sobre o montante verdadeiro do débito, ele disse que, para responder, precisaria “falar com a equipe econômica” da Prefeitura de Natal.

“Mas não é 860 milhões não, isso aí está errado”, protestou, sem saber informar o que, segundo ele, seria o valor verdadeiro da dívida deixada para a nova gestão.

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