Folia e ancestralidade: Bloco Filhos de Zambi sai nesta segunda (3)

Algumas ruas da Redinha, na zona Norte de Natal, serão ocupadas nesta segunda de carnaval (03) pelo Bloco Filhos de Zambi. Unindo folia e ancestralidade, a agremiação reúne os participantes às 17h30, na Praça do Cruzeiro, para comemorar nove anos de bloco. 

“São nove anos de luta, e vamos colocar os Filhos de Zambi na rua. A gente conta com a presença de todos aqueles que acreditam no respeito, que são contra o racismo, a intolerância e que respeitam o próximo e que têm amor pelo próximo”, frisa o fundador do bloco, Babá Cláudio.

O tema central do bloco é festejar a ancestralidade e levar uma mensagem de amor. “Nós, os povos tradicionais de matriz africana, povo de tradição, povo preto, povo indígena e povo de axé, iremos ocupar as ruas”, diz o babalorixá.

“Levar o bloco para a rua é reafirmar nossa ancestralidade, o que não é fácil em um espaço extremamente racista, preconceituoso, onde temos o preconceito muitas vezes velado. A gente às vezes precisa chegar chutando as portas para dizer que vamos colocar o bloco na rua. Já teve momentos em que a gente se entristeceu, pensou em não colocar o bloco na rua, mas nossa ancestralidade vem e diz: põe o bloco na rua”. 

Babá na comemoração de 7 anos do bloco – Foto: cedida

Segundo Babá Cláudio, 2025 é um ano de presença muito forte de Xangô para os povos da orixá. “Dentro da minha consulta ao oráculo, Ioba vem muito forte, que é uma divindade, uma Amazonas. Nossa mãe Iansã também vem muito forte”. 

Sagrado e profano

O Bloco Filhos de Zambi une o sagrado e o profano para promover o respeito às tradições de matriz africana. “Sabemos que as manifestações culturais como o carnaval surgem de nós, como povos pretos, povos negros, povos de tradição de matriz africana, onde a gente coloca na rua a história do nosso povo e a garra do nosso povo”, lembra Babá. “Zambi” vem da língua banto e significa “Deus”.

Para o fundador do bloco, sua importância é reafirmar a ancestralidade e ocupar espaços para resistir e combater o epistemicídio. “Nós não somos só religiosos, nós somos um povo, nós temos costume, indumentária e linguagem”, explica.

De acordo com Babá, um outro bloco da Redinha também é de pessoas de matriz africana, o Kengas de Tambores, mas se difere do Filhos de Zambi em características como a forma de usar estandartes e ir às ruas.

“Nós temos manifestações como o Zangaracatu, que é maravilhoso também e traz essa linguagem. Temos os afoxés como o Estrela da Manhã, que traz uma linguagem muito forte de terreiro”, lembra.

Projetos

Babá ainda participa de outros projetos relacionados às tradições. A Banda Nêgo Zâmbi, por exemplo, também defende os povos de tradição, de matriz africana e afroameríndia.

Além disso, ele cita a Folia de Rua Potiguar, que fala sobre manifestações culturais potiguares, e a escola de samba Batuque Ancestral, da qual ele é intérprete oficial. 

“Sou um dos sócios fundadores junto com o nosso querido e maravilhoso mestre Carlos Brito. A Batuque traz essa linguagem também de homenagear pessoas que são esquecidas pela história ou divindades. Para ter noção, o primeiro ano em que Exu foi falado na Duque de Caxias, aqui em Natal, foi posto pela Batuque no ano passado. Nós sofremos racismo, preconceito, porque trouxemos Exu pra avenida”. 

Nove anos do Bloco Filhos de Zambi

🕓 Às 17h30 da segunda de carnaval (03 de março) 
📍 Praça do Cruzeiro, na Redinha

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