Lula anuncia Gleisi para o lugar de Padilha na articulação política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou a mudança na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), após a saída do ministro Alexandre Padilha para chefiar a pasta da Saúde. No lugar dele, entrará Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná e atual presidente do PT.

Uma nota enviada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) relatou encontro de Lula com Gleisi na manhã desta sexta-feira 28, informando que o presidente “a convidou para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República”. Padilha foi realocado para a Saúde, após Lula demitir a então ministra Nísia Trindade. Ele assumirá oficialmente a pasta em 10 de março, mesma data na qual Gleisi assume a SRI.

Inicialmente, a troca de chefia estava agendada para quinta-feira 6, mas houve receio de um evento esvaziado por conta do Carnaval, segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa. Agora com Gleisi, o governo conta com 10 mulheres, em meio às 38 pastas existentes.

Sobre as críticas de que Gleisi seria radical, Lula lembrou a aliados que a deputada trabalhou para construção de palanques nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, tendo conversado com todos os partidos que compuseram a aliança em torno de sua candidatura. Também ressaltou o bom relacionamento dela com os presidentes da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Ministra promete diálogo democrático

Em nota, Gleisi Hoffmann destacou que assume o cargo com o compromisso de fortalecer o diálogo político e contribuir para o avanço do desenvolvimento do país. “Sempre entendi que o exercício da política é o caminho para avançarmos no desenvolvimento do país e melhorar a vida do nosso povo. É com este sentido que seguirei dialogando democraticamente com os partidos, governantes e lideranças políticas”, afirmou Gleisi.

Na nota, Gleisi reconheceu o trabalho de Padilha e afirmou que pretende manter o diálogo institucional com partidos aliados e o Congresso Nacional. “Parabenizo o ministro Alexandre Padilha pelo trabalho que realizou à frente da SRI e desejo sucesso em sua nova missão no Ministério da Saúde”, declarou.

Logo após ser anunciada, Gleisi também fez telefonemas. Um dos primeiros foi para Fernando Haddad, ministro da Fazenda. A ligação foi interpretada por aliados de Gleisi como um gesto para pacificar a relação com Haddad. A presidente do PT é uma das principais críticas da política econômica do governo e já protagonizou embates com Haddad em vários momentos da história do partido.

A oposição criticou a indicação de Gleisi para o comando da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Segundo lideranças no Congresso, o movimento indica uma “radicalização e isolamento” do Executivo e coloca “ideologia e interesses partidários acima do Brasil”. O líder da Oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que a nomeação de Gleisi mostra que o governo “dobra a aposta” num movimento de “radicalização e isolamento”. Marinho disse ainda que o Executivo potencializa “erros do passado”.

“A nomeação de ministros é uma prerrogativa de Lula, e a sinalização dada com a escolha da deputada indica radicalização e isolamento. O PT dobra a aposta e demonstra que não se esqueceu de nada, nem aprendeu com seus erros do passado”, afirmou Marinho.

Em nota, o líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL- -RS), afirmou que a escolha de Gleisi para a SRI mostra que o governo Lula está “priorizando interesses partidários” e afirmou que o País corre o risco de também ter a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, como ministra da Casa Civil.

Parlamentares disseram ontem, reservadamente, que a nomeação passou por um arranjo que envolveu a indicação de Lindbergh Farias (PT-RJ) e a escolha de Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para a liderança do governo na Câmara, esta última ainda não concretizada.

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