Gigantes da folia: veja como são trios de Ivete e Daniela por dentro

É impossível pensar no Carnaval de Salvador sem o seu maior ícone: o trio elétrico. Este ano, a grande estrela da folia baiana completa 75 carnavais. Como cantava Caetano Veloso, ainda na década de 1960, “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. Afinal, é difícil ver alguém parado quando a potência musical do caminhão invade as ruas.

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Os “palcos andantes”, que lotam os principais circuitos da festa na capital baiana, recebem artistas de diferentes gêneros todos os anos. Segundo a Associação de Blocos e Trios, Salvador conta com cerca de 500 desses equipamentos. Para o Carnaval deste ano, que começará oficialmente na quinta-feira, 27, cerca de 200 veículos marcarão presença nos circuitos.Em entrevista ao Portal A TARDE, Armandinho Macedo, filho de Osmar, um dos criadores do trio elétrico, comentou sobre o interesse crescente de artistas de fora da Bahia em se apresentar nesses caminhões sonoros. “O Carnaval está aí, prometendo ser grandioso novamente. Grandes atrações vêm para Salvador, procuram esse clima, essa multidão atrás do trio elétrico. O trio continua sendo a essência do Carnaval, não tem jeito”, afirmou. Ele ainda destacou: “Os artistas mudam, alguns vêm, outros vão, mas o grande palco da festa sempre será o trio elétrico”.A paixão pela folia e por esse importante equipamento fez com que João Light entrasse no ramo há mais de 20 anos. Proprietário de seis trios utilizados por grandes nomes da música baiana, como Ivete Sangalo e Daniela Mercury, ele revelou o alto investimento necessário para manter a estrutura.

Camarim de trios de cantores como Ivete e Daniela

|  Foto: Divulgação

“O custo para manter um trio em galpão gira entre R$ 10 mil e R$ 15 mil por ano. Já um trio completo pode ultrapassar R$ 1 milhão em investimento. Hoje, ele tem um som tecnológico de altíssima geração. Só uma das mesas de som que tenho no meu trio custou R$ 800 mil, e a outra, mais de meio milhão. Os processadores de áudio chegam a R$ 50 mil cada”, explicou à reportagem.Para desfilar nos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande, os trios podem ter até 6,20 metros de largura e 25 metros de comprimento, comportando entre 70 e 80 pessoas. Um dos maiores, o Dragão, de Durval Lelys, tem capacidade para 200 pessoas. Em janeiro, o Ministério Público da Bahia recomendou que órgãos públicos e privados reforcem a fiscalização para evitar superlotação nos trios.”Quando você tem os maiores artistas do Brasil no seu trio, não pensa só no investimento, mas na realização, quer sempre entregar mais, oferecer o melhor. Ver o público dos blocos e da pipoca curtindo um som de qualidade é gratificante, apaixonante”, ressaltou João Light.Um trio de grande porte chega a gastar uma média de 450 litros de combustível por dia, o que equivaleria a cerca de 11 tanques de carros populares (considerando uma média de 40 litros por veículo). Para garantir o conforto dos artistas e da equipe, a maioria dos trios conta com dois camarins e três sanitários.Além disso, todos os equipamentos são vistoriados pelo Detran-BA (Departamento Estadual de Trânsito) antes de irem à folia. São vistoriados requisitos que vão desde a documentação do veículo e dos condutores, tamanhos e dimensões estruturais, e equipamentos obrigatórios de segurança.Confira fotos da estrutura de trios:

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

| Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

Da fobica aos caminhões modernosO trio elétrico nasceu oficialmente em 1950, fruto da criatividade de Dodô e Osmar. Na época, a dupla adaptou um pequeno veículo e instalou amplificadores para tocar no Carnaval, batizando a invenção de Fobica. Assim, surgia uma nova forma de levar música e alegria às ruas.No segundo ano, a estrutura evoluiu: os equipamentos foram instalados em uma caminhonete, ampliando o alcance do som. Já o nome “trio elétrico” veio de um grupo musical idealizado por Dodô e Osmar, que contaria com um terceiro integrante fixo – que nunca chegou a se juntar à dupla. Com o tempo, porém, o termo passou a ser associado aos veículos sonoros que animam a folia.O “palco andante” só passou a contar com cantores nos anos 1970, quando Moraes Moreira foi convidado a se apresentar em cima do trio. A explosão do axé, que completa 40 anos em 2024, consolidou o equipamento como protagonista do Carnaval baiano e de festas em todo o Brasil.

Trio que será utilizado por Ivete no Carnaval

|  Foto: Clara Pessoa | Ag. A TARDE

Já nos anos 1980, os trios passaram a ser montados em caminhões, ganhando mais potência sonora e ampliando a capacidade de público.Muito mais potência e tecnologiaAtualmente, os trios elétricos contam com estruturas imponentes, chegando a cinco metros de altura, equipados com sistemas de som potentes, palcos amplos e decorações especiais.Armandinho Macedo destacou a importância de artistas como Bell Marques, Carlinhos Brown, Luiz Caldas, Daniela Mercury e Ivete Sangalo para a evolução do trio elétrico. Segundo ele, esses artistas não apenas mantiveram a tradição viva, mas também trouxeram inovações que ajudaram a transformar os trios em verdadeiros espetáculos sobre rodas.”O trio elétrico é um grande orgulho para nossa família. Meu pai e Dodô foram dois gênios: um eletrizou, o outro ‘trieletrizou’. Nós seguimos essa história com paixão e música”, afirmou.

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