Ex-secretário diz que gestão usa cortina de fumaça para cobrir falhas em Parnamirim

O ex-secretário de Finanças de Parnamirim, Giovani Rodrigues Júnior, rebateu as acusações feitas pelo atual secretário de Finanças e Planejamento, Kelps Lima, sobre o suposto rombo de R$ 300 milhões deixado pela gestão do ex-prefeito Rosano Taveira (Republicanos). Em entrevista ao AGORA RN, Giovani afirmou que os números divulgados por Kelps são “precipitados” e acusou a gestão atual da prefeita Nilda Cruz (SDD) de criar uma “cortina de fumaça” para desviar a atenção de problemas imediatos da cidade, como a falta de medicamentos nas unidades de saúde e a não retomada das aulas.

Kelps Lima afirmou em entrevista anterior que o passivo herdado soma aproximadamente R$ 300 milhões, incluindo R$ 52 milhões em despesas liquidadas e não pagas, R$ 70 milhões em despesas empenhadas e não liquidadas, R$ 84 milhões em obrigações financeiras e R$ 69 milhões em empréstimos.

Ele destacou ainda atrasos em pagamentos a cooperativas médicas entre outubro e janeiro, além da inadimplência com o INSS nos meses de novembro e dezembro. Segundo Kelps, a situação levou a Prefeitura a adotar um plano de austeridade para regularizar as contas e prevê que o município precisará de até dois anos e meio para quitar todas as dívidas.

Giovani Júnior, por sua vez, contestou essas informações. “Números precisam ser analisados com base em dados concretos. O balanço da Prefeitura ainda não foi publicado e as informações apresentadas até agora são preliminares”, disse. Ele explicou que o único documento oficial divulgado foi o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do último quadrimestre de 2024, publicado em 20 de janeiro de 2025, e que “os números mencionados por Kelps não aparecem no relatório”.

O ex-secretário também abordou as críticas sobre os atrasos nos pagamentos de terceirizados e cooperativas médicas. “Os pagamentos seguem um fluxo padrão. Por exemplo, em dezembro pagamos as notas fiscais de outubro. A nota de novembro seria paga em janeiro. A Prefeitura não pode pagar por serviços que ainda não foram concluídos. É como pagar um cartão de crédito antes do vencimento”, explicou. Ele destacou ainda que as notas fiscais de dezembro só poderiam ser emitidas em janeiro, impossibilitando o pagamento antes do fechamento do ano fiscal.

Sobre a dívida com o INSS, Giovani admitiu que os meses de novembro e dezembro não foram pagos, mas justificou a decisão. “Optamos por pagar os salários dos servidores em dia, priorizando o funcionalismo. Sabíamos que janeiro traria um aumento na arrecadação com o IPTU, o que garantiria recursos para quitar essas pendências”, afirmou.

O ex-secretário também minimizou o impacto dos chamados “restos a pagar”, citados por Kelps. “Ele fala em restos a pagar de pouco mais de R$ 50 milhões, mas estamos tratando de uma Prefeitura que arrecada cerca de R$ 1 bilhão por ano. Alegar que não é possível honrar esses compromissos é, no mínimo, desconhecer a capacidade financeira do município”, declarou.

Giovani ainda questionou o discurso alarmista sobre o endividamento. “Não se pode confundir dívida com rombo. Rombo implica desvio ou uso indevido de recursos, o que não ocorreu. Dívidas são comuns em gestões públicas e seguem prazos legais para serem quitadas, como acontece em qualquer financiamento de longo prazo”, afirmou.

Ele encerrou criticando a postura da gestão atual. “Estão tentando jogar toda a culpa no governo passado para encobrir os problemas reais da cidade. Falta de aulas, ausência de medicamentos e serviços públicos ineficientes não são culpa de um suposto rombo, mas sim de uma má gestão atual. Essa cortina de fumaça não resolve os problemas que a população enfrenta todos os dias”, concluiu.

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