Noite da Beleza Negra: “Consciência de negritude é essencial”

A 44ª edição da Noite da Beleza Negra, que elegerá a nova Deusa do Ébano, será realizada neste sábado (15), na sede do Ilê Aiyê, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu. Nesta sexta-feira (14), durante uma coletiva de imprensa, a diretora do Mais Belo dos Belos, Arany Santana, e um dos fundadores do bloco, o Vovô do Ilê, ressaltaram a importância do evento para a população afro.Arany Santana fez questão de dizer o quanto as meninas que passaram pela sede do Ilê estão se destacando na sociedade. “Todas essas meninas, muitas que já passaram por aqui, hoje são educadoras, são médicas, biólogas, cientistas, e eu que participo do processo de seleção dessas meninas, que há 38 anos, quando eu fiz a primeira vez, quantas meninas tinham dificuldades até de escrita e de se comunicar?”, iniciou.

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“Hoje, você têm meninas pedagogas, fisioterapeutas, até porque o Ilê Aiyê ajudou essas mulheres negras a conhecerem sua história e terem a certeza de que elas podem ser o que elas quiserem, a cor da pele não influência em absolutamente nada, todas são capazes de qualquer coisa, mas o racismo nesse país é tão cruel que faz a gente se sentir inferior e não enfrentar. O concurso da Beleza Negra é uma injeção que é dada a essas mulheres”, declarou completou a diretora.”Hoje elas vêm aqui tranquilamente, participam, sabem se expressar, têm consciência de negritude, porque se não tiver consciência de negritude, elas não pisam nem aqui no Curuzu”, cravou Arany.

|  Foto: Denisse Salazar/ Ag. A TARDE

Vovô do Ilê comentou a relevância do título de Deusa do Ébano para a instituição. “É muito importante, é a nossa grande representante em todos os eventos, viagens. Tem a diretora, tem a banda, mas a Deusa do Ébano é um símbolo que foi criado pelo Ilê então isso é muito [importante], não é à toa que inúmeras concorrentes querem participar, sentem orgulho, esse ano tivemos mais de 100 garotas inscritas, um pessoal teve um trabalho danado pra chegar as 15 finalistas, não é brincadeira não”, explicou.TurbantesSe tem uma peça chave nas produções das meninas do Ilê é o turbante. Em conversa com o Portal MASSA! Dete Lima, uma das fundadoras e estilista do Ilê, que será homenageada nesta edição do concurso, falou sobre o processo de criação.“Desde criança eu ficava olhando minha mãe vestir os Voduns (entidades espirituais sagradas) imaginando o que poderia fazer no corpo e na cabeça de uma mulher negra. Com o surgimento do Ilê, eu pude dar vida a todo esse pensamento dessa menina, dessa criança”, conta Dete.“Eu comecei de forma acanhada colocando o turbante, a coroa na cabeça de cada uma delas e isso foi evoluindo, mudando, e tem essa formação da nossa coroa, que é uma criação própria e é gratificante”, disse a estilista, relembrando o começo de tudo.Dete ainda revelou sua inspiração para a criação dos figurinos de 2025. “Tem a inspiração do tema, porque tem o tema para você fazer a pesquisa, tem que se pensar no dia a dia e o que os Voduns, os Orixás, Ibejis, Nkisis, Caboclos me dão eu vou fazendo toda essa criação”.Aos 71 anos de vida, 50 deles devotado ao Ilê, Dete celebra a homenagem que irá receber. “É muito emocionante essa homenagem, estou muito feliz com isso e é bom quando você recebe homenagem em vida para você está aqui vendo as pessoas e está agradecendo todo esse trabalho e toda homenagem que você está recebendo”, declarou.

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