Preço do café sobe e ‘esquenta’ o bolso do consumidor

Legenda: Nos últimos 12 meses, houve um aumento acumulado de 74,07% no preço do café. Crédito: Franciele Mota

Legenda: Nos últimos 12 meses, houve um aumento acumulado de 74,07% no preço do café. Crédito: Franciele Mota

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Para a maioria da população o dia só começa depois de uma xícara de café. Pode ser adoçado, com leite ou o tradicional ‘café preto’. E a segunda bebida mais consumida no país vem sendo considerada um dos vilões da inflação de alimentos. O preço do café nas gôndolas dos supermercados tem assustado o consumidor. Segundo dados da Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos de Toledo, levantamento realizado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, no município, nos últimos 12 meses, houve um aumento acumulado de 74,07% no preço do café.

Conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na última terça-feira (11), na variação mensal, o café ficou 8,56% mais caro no primeiro mês deste ano em relação a dezembro de 2024. A professora e doutora da Unioeste, Crislaine Colla, explica que vários fatores determinam o aumento do preço do café, entre eles o clima. “As queimadas reduziram a oferta do produto e foi um fator importante para o aumento do preço”, cita ao complementar que a redução da oferta internacional também tem influenciado no preço do grão.

“O Vietnã, segundo maior produtor de café do mundo, atrás apenas do Brasil, também apresentou redução na safra de 2024, que foi influenciada por fatores climáticos. Isso reduziu a oferta mundial de café e influenciou no aumento dos preços. Está ocorrendo também uma especulação do preço do grão nas bolsas”.

INFLUÊNCIA – A Pesquisa da Cesta Básica utiliza uma metodologia de levantamento de preços em estabelecimentos de Toledo distribuídos em todas as regiões da cidade. São coletados os preços de três marcas dos produtos analisados, calculando-se o preço médio para cada estabelecimento e, posteriormente, o preço médio do produto entre todos os estabelecimentos.

Em relação ao aumento do preço do café, Crislaine comenta que a variação que ocorre em Toledo é similar ao que acontece em todo o Brasil. Ela cita que o preço de 500g de café em janeiro de 2024 era de R$ 14,00 e no mês de janeiro de 2025 está com preço médio de R$ 24,23.

“Observamos que nos últimos 12 meses o café apresentou um aumento acumulado de 74,07%, que é o maior registrado desde que se iniciou a pesquisa. Maior ainda do que ocorreu em 2021, em que os maiores estados produtores brasileiros foram atingidos por uma forte geada, que também resultou em redução da oferta do grão e aumento do preço”, acrescenta.

E por conta dessa redução da produção no Vietnã e no Brasil e aumento da demanda mundial, a professora lembra que o preço do café aumentou em todo o planeta. Contudo, a defasagem cambial também é um fator que se soma aos demais, em relação ao aumento do preço do café. “Com a oferta menor, o preço maior e o dólar mais valorizado, também há uma preferência por exportar o produto, comprometendo ainda mais o mercado interno”, esclarece Crislaine.

REFLEXOS – O empresário Eduardo Pereira Lima, mais conhecido como ‘Cocão’, tem uma torrefadora de café em Cruzeiro do Oeste, na região Noroeste do estado. Ele trabalha com uma produção mensal de 100 sacos de café. Ele recebe o grão de produtores da região e percebeu que a seca do ano passado reduziu a produção e refletiu no preço. “Tive que repassar o aumento para o cliente. Eu vendia a R$ 30 o quilo e atualmente é R$ 60. Os clientes têm reclamado muito com a alta do preço e as vendas caíram cerca de 30%”.

Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço do café deve continuar subindo nas próximas semanas, pelo menos até a safra deste ano, que começa a ser colhida por volta de abril ou maio. Depois, deve vir um momento de arrefecimento no valor do produto, com uma certa estabilização. A queda de preços, no entanto, só deverá acontecer a partir da safra do próximo ano, estima a Associação.

Da Redação

TOLEDO

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