Protestos na Venezuela deixam 11 mortos e mais de 700 presos

Os protestos contra a reeleição do ditador Nicolás Maduro, que eclodiram em diversas cidades da Venezuela nesta segunda-feira (29), resultaram na morte de pelo menos 11 pessoas, segundo a ONG Foro Penal. Além disso, mais de 700 pessoas foram detidas, conforme informações do procurador-geral do regime.A ONG, especializada na defesa de presos políticos, relatou que as mortes ocorreram em vários estados e incluem dois adolescentes, sendo um de 15 anos e outro de 16. As circunstâncias dessas fatalidades não foram detalhadas pela organização.O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, informou na noite desta segunda-feira que 23 soldados das Forças Armadas foram feridos em confrontos com manifestantes. Além disso, o regime anunciou centenas de prisões.Conteúdo RelacionadoEUA consideram Maduro ilegítimo na VenezuelaVenezuela deve divulgar ata das eleições nas próximas horasOEA não reconhece reeleição de Maduro na Venezuela Nesta terça-feira (30), o procurador-geral Tarek William Saab revelou que 749 pessoas foram presas e alertou que esse número pode aumentar. Em comunicado à imprensa, Saab mencionou que o Ministério Público está considerando acusações de resistência à autoridade e terrorismo contra os detidos.O anúncio de Saab segue-se a uma declaração de segunda-feira, na qual ele advertiu que convocar atos para contestar os resultados eleitorais poderia levar à prisão. “Observamos com preocupação a falta de reconhecimento dos resultados por um setor radical com histórico de violência”, afirmou Saab.Nas últimas horas, o procurador-geral tem publicado nas redes sociais vídeos dos confrontos e imagens de jovens detidos. Saab foi nomeado após a destituição de sua antecessora em 2017 pela Assembleia Nacional Constituinte, um órgão criado para enfraquecer a Assembleia Nacional, que possuía maioria opositora desde 2016.Quer ler mais notícias? Acesse o nosso canal no WhatsAppO país, que enfrenta múltiplas crises há mais de uma década, pode estar à beira de uma nova onda de manifestações. Críticos do regime, liderados por María Corina Machado, denunciam uma fraude na eleição de domingo (28) e alegam que a votação beneficiou Edmundo González, que substituiu a líder opositora, impedida politicamente.”Queremos anunciar a todos os venezuelanos e aos democratas do mundo: já temos como provar a verdade. Conseguimos”, declarou María Corina a jornalistas nesta segunda-feira. “A diferença foi enorme, em todos os estados da Venezuela”, completou ela.Horas depois, os críticos divulgaram o que afirmam ser 73% das atas das urnas eletrônicas. No entanto, o sistema estava instável e a visualização das atas foi comprometida. “São milhões de cidadãos na Venezuela e no mundo que querem ver que o seu voto conta. As equipes técnicas em breve restabelecerão o acesso!”, publicou María Corina Machado na rede social X.Os protestos se estenderam por várias regiões da capital, e a Guarda Nacional dispersou muitas manifestações com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Também foram ouvidos disparos em alguns bairros, e dois manifestantes derrubaram um grande painel publicitário com a imagem de Maduro.No estado de Falcón, manifestantes derrubaram uma estátua de Hugo Chávez, antecessor de Maduro, em protesto contra a declaração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A situação tem potencial para escalar ainda mais. Maduro afirmou que os protestos são parte de uma tentativa de golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”, e o regime convocou para terça-feira “uma grande marcha em direção a Miraflores”, o palácio presidencial, “para defender a paz”.Enquanto isso, María Corina Machado e Edmundo González convocaram “assembleias cidadãs” em diferentes cidades, embora não tenham fornecido detalhes adicionais. O embaixador, que prometeu diálogo e uma transição pacífica, procurou distanciar-se dos protestos. “Há muita indignação e entendemos isso, mas devemos manter a calma e a serenidade até alcançarmos a vitória”, afirmou à imprensa.
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