EUA fazem 4ª execução com método considerado tortura pela ONU

Um homem condenado por assassinato em 1991 foi executado com inalação de nitrogênio na noite de quinta-feira (6) no Alabama, nos Estados Unidos. Esta é a quarta vez na história que os EUA utilizam o método, considerado “tortura” pela ONU, para executar um prisioneiro.

Demetrius Frazier, de 52 anos, foi declarado morto às 18h36 no horário local (21h36 no horário de Brasília) em uma prisão no sul do Alabama, após sua condenação pelo estupro e assassinato de Pauline Brown, de 41 anos, em 1991. Foi a primeira execução no Alabama neste ano e a terceira nos EUA em 2025 —uma injeção letal foi na quarta-feira no Texas e outra na sexta-feira passada na Carolina do Sul.

“Primeiramente, quero pedir desculpas à família e aos amigos de Pauline Brown. O que aconteceu com Pauline Brown nunca deveria ter acontecido”, disse Frazier em suas últimas palavras. Ele finalizou dizendo: “Amo todos no corredor da morte. Detroit Strong.”

Esta foi a quarta vez que a asfixia com gás nitrogênio foi utilizada na execução de um prisioneiro nos EUA, todos no Alabama, único estado que segue esse protocolo, aplicado pela primeira vez em janeiro de 2024. Outros estados usam a injeção letal para aplicar penas de morte.

O método de asfixia com gás nitrogênio é considerado “tortura” pela ONU, que considera um “método não comprovado” que poderia “constituir tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante”. A União Europeia o classifica como “particularmente cruel”.

A execução com nitrogênio envolve colocar uma máscara respiratória sobre o rosto do condenado, substituindo o ar respirável por gás nitrogênio puro, causando a morte por falta de oxigênio. Assim como os três primeiros executados com esse método, Frazier estremeceu na maca, embora em menor grau que os anteriores.

A pena de morte, defendida por Donald Trump, é abolida em 23 dos 50 estados dos EUA. Outros três, Califórnia, Oregon e Pensilvânia, emitiram moratórias.

Em sua declaração final, Frazier também criticou a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, pelo que chamou de falha em intervir após apelos para que ele fosse devolvido a Michigan para cumprir uma sentença de prisão perpétua anterior em seu estado-natal.

Por outro lado, Whitmer afirmou que a transferência de Frazier para o Alabama, estado onde ocorreu o crime, foi feita pela gestão anterior e uma transferência de volta a Michigan não era possível.

A governadora do Alabama, Kay Ivey, afirmou em um comunicado pós-execução que a justiça foi feita.

“No Alabama, aplicamos a lei. Você não vem para o nosso estado mexer com nossos cidadãos e sai impune. Estupradores e assassinos não são bem-vindos em nossas ruas, e esta noite a justiça foi feita para Pauline Brown e seus entes queridos”, disse Ivey.

Execução

 

Frazier foi amarrado a uma maca com uma máscara de gás azul cobrindo todo o seu rosto. A execução começou por volta das 18h10 no horário local, após um agente penitenciário fazer a verificação final da máscara.

Frazier moveu as palmas das mãos estendidas em um movimento circular nos primeiros minutos. Às 18h12, parou de mover as mãos. Ele pareceu fazer uma careta, tremer na maca e respirar de forma ofegante. Um minuto depois, levantou ambas as pernas alguns centímetros e depois as abaixou.

Sua respiração desacelerou às 18h14, tornando-se esporádica. Ele não apresentou mais nenhum movimento visível por volta das 18h21. As cortinas da câmara de execução foram fechadas às 18h29.

O comissário de correções do Alabama, John Hamm, disse que o gás fluiu por cerca de 18 minutos e que os instrumentos indicaram que Frazier não apresentava mais batimentos cardíacos 13 minutos após o início do fluxo de gás.

Hamm afirmou acreditar que Frazier perdeu a consciência rapidamente. Ele disse que outros movimentos, como o levantamento das pernas e as respirações intermitentes, foram involuntários.

Condenado por assassinato

 

Demetrius Frazier foi condenado à morte pelo assassinato de uma mulher em 1991 após invadir seu apartamento enquanto ela dormia.

Frazier, então com 19 anos, invadiu o apartamento de Pauline Brown em Birmingham, no Alabama, enquanto ela dormia, na noite de 27 de novembro de 1991. Brown era mãe de dois filhos. Segundo a acusação, ele exigiu dinheiro e a estuprou sob a mira de uma arma depois que ela lhe entregou US$ 80 (cerca de R$ 460) de sua bolsa. Em seguida, atirou na cabeça dela e retornou mais tarde para comer um lanche e procurar mais dinheiro.

O homem foi condenado à prisão perpétua em Michigan pelo assassinato de Crystal Kendrick, de 14 anos, em 1992.

A condenação pelo assassinato de Brown ocorreu em 1996, quando um júri do Alabama recomendou, por 10 votos a 2, que ele recebesse a pena de morte. Ele permaneceu sob custódia em Michigan até 2011, quando os governadores dos dois estados concordaram em transferi-lo para o corredor da morte no Alabama. Em sua declaração final, Frazier sugeriu que sua confissão sobre o assassinato da jovem em Michigan foi falsa.

(Fonte:G1)

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