Autônomos devem separar finanças pessoais e as dos negócios

Ter planejamento financeiro é obrigatório para os trabalhadores autônomos. Com a despesa detalhada, o lucro se torna mais visível, sendo o grande responsável pela tranquilidade financeira, quando bem administrado.Não juntar finanças pessoais com finanças da empresa deve ser o primeiro “mandamento” dos trabalhadores autônomos. De acordo com a educadora financeira Edelina Viana, separar a conta bancária de pessoa física da de pessoa jurídica é o que auxilia no controle entre os gastos e os lucros exclusivos da empresa e deve ser o primeiro passo ao começar um empreendimento.“Em geral, os autônomos até sabem disso, mas não praticam. O primeiro passo seria separar o pessoal do empresarial. Tem vários métodos para fazer isso, como ter uma conta separada para separar esses rendimentos. Se o empreendedor não fizer isso, não tem como saber se é a pessoa que está ‘matando’ a empresa ou a empresa que está tirando recursos da pessoa física. Se a pessoa não tem essa separação muito clara, fazer isso em 2025 é um bom começo”.O planejamento financeiro é um aliado do autônomo. Sem um fluxo recorrente de receita, fazer um bom plano de vendas auxilia no levantamento do quanto ele precisará vender para faturar o valor das despesas, levando em consideração a época do ano e o movimento variável do comércio local.Conteúdos relacionados:Veja como os autônomos podem organizar as finançasReceita diz que fiscalização do Pix não afeta autônomos“O autônomo tem que fazer um bom plano de vendas para saber o quanto ele fatura e o quanto ele precisa vender para que possa faturar esse valor. O ideal é que ele comece a formar um fluxo futuro pensando em doze meses para frente e, no mínimo, três meses, se ele estiver começando agora”, disse Edelina.Segundo a educadora financeira, essa estratégia de organização do empreendimento também auxilia na criação de uma reserva financeira, recurso responsável pela tranquilidade em momentos desafiadores para o negócio. Para construir o capital de giro, o empreendedor precisa, primeiramente, ter noção de todas as despesas, incluindo custos e impostos.O restante é a parte conhecida como “lucro” e deve ser repartida em três pedaços destinados a gastos da pessoa física (gastos fixos e variáveis), construção de reserva e investimento na própria empresa.“Isso seria o ideal, mas depende muito do momento em que esse negócio se encontra. Se a pessoa está no início desse processo, ela não vai conseguir levantar todos esses pilares, somente a pessoa física e talvez a reserva, mas é importante que ela tenha um dinheiro para reinvestir. Esse percentual depende, mas é preciso que você tire pelo menos uns 10% para construir essa reserva aos poucos. A reserva do negócio vai ser basicamente o quanto é preciso para manter o negócio em doze meses, ou o mínimo viável por três meses. Isso vai dar certa tranquilidade no fluxo”.Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsappTRABALHADORESHá 10 anos, Marivaldo Ramos, 55, trabalha como relojoeiro na avenida Governador José Malcher. Segundo ele, no ofício de ambulante é difícil ter controle de todos os ganhos e despesas, já que as demandas são imprevisíveis. Sem divisão entre as contas pessoais e do negócio, ele relata que não faz planejamento.“Aqui eu não sei quanto eu ganho porque a gente recebe de manhã, gasta de tarde para comprar mercadoria, fazer pagamento, tudo isso depende do que eu vou fazer no dia. As minhas contas também não são separadas, só o pix que é separado. Eu dependo do cliente, e quando eles não vêm, eu me viro como posso. Tento guardar pelo menos um pouquinho, mas não tenho noção detalhada dos meus gastos. A gente compra, vende e tira um dinheirinho para a comida”.Em contrapartida, o planejamento financeiro é o que auxilia na manutenção do negócio de Alexandre Alves. Vendedor em ponto de venda de açaí, na travessa 9 de Janeiro, ele afirma que o controle é importante para garantir a compra diária dos frutos. Com a flutuação diária de preço, é preciso ter pelo menos uma base das despesas do empreendimento.“No ramo em que trabalho, é preciso se basear no preço do fruto a cada dia porque o valor varia muito. Então, é preciso ter uma noção de quanto está, de quanto a gente tem e de quanto a gente precisa vender. Atualmente, o que a gente vende aqui é para pagar os funcionários, o pessoal para fazer o recolhimento dos caroços e pagar as despesas mensais, aluguel, luz, água. A gente já tem uma base inclusive para saber que nesse período do ano nosso lucro vai ser mínimo, então a gente já se organiza para quando o lucro aumentar a gente usar para ampliar o negócio”, afirmou o comerciante, de 40 anos.Faz pouco tempo que Valda Oliveira, 45, abriu o foodtruck “Raízes do Nordeste”, na avenida Marquês de Herval. Focado na venda de café da manhã e almoço, o micro empreendimento conta com o planejamento financeiro anterior à inauguração, o que tem garantido o controle dos valores do custo para produção dos alimentos e os primeiros dias de lucro.“Fizemos um investimento inicial de R$350 e tivemos um retorno de mais de R$800, tirando despesa, todos os gastos, ficamos com um lucro em torno de R$300. Estamos planejando que uma parte desse dinheiro seja investida no nosso negócio, o que vai ajudar a gente abrir pela parte da noite”.

ServiçoDicas de planejamento financeiro para autônomos1- Separar as finanças2 – começar a construir a reserva3 – Fazer o planejamento e orçamento do negócio e pessoa física4 – Fazer projeções de futuro de caixa5 – Olhar para o networking e parcerias6 -Fazer a análise dos números da empresaFONTE: Edelina Viana (@edelinainveste)

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