2026: “Liberais devem reviver dilema eleitoral”

Jornalista José Fucs:

“Uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 3, confirmou o que é possível constatar a olho nu: se a direita marchar dividida nas eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhará novamente o pleito, caso ele seja realmente candidato à reeleição, como tudo parece indicar no momento, apesar de sua idade avançada, de 79 anos, e dos sinais de fadiga que ele vem demonstrando aqui e ali.

Isso significa, em outras palavras, que, para derrotar a esquerda e deixar tudo-isso-que-está-aí para trás, liberais, conservadores e o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo capital eleitoral é indiscutível, independentemente da opinião que se tenha a seu respeito, terão de superar suas diferenças, ainda que de nariz tampado, e construir uma agenda comum, embalada por um discurso popular, que seja capaz de atrair o povão.

Ao contrário do que aconteceu em 2022, quando boa parte do centro e até da centro-direita fez o L ‘pela democracia’ e agora fica chorando por aí, lamentando os rumos do governo Lula, a direita terá de encontrar uma saída política para reforçar seu potencial eleitoral e enfrentar Lula ou seu ‘poste’ da vez, em condições reais de chegar à vitória nas urnas.

Não vai ser fácil, é certo, amalgamar essa aliança, como mostram as querelas que pipocaram entre bolsonaristas raiz, dissidentes do bolsonarismo, a chamada ‘direita limpinha’ e os ‘isentões’ nas redes sociais, por causa do apoio de Bolsonaro às candidaturas do senador Davi Alcolumbre e do deputado Hugo Motta, que contaram também com o suporte do PT, às presidências do Senado e da Câmara, respectivamente.

Com a polarização ainda dando o tom na política e o liberalismo perdendo espaço em quase todo o planeta, inclusive no Brasil, a costura dessa aliança talvez signifique que os liberais tenham de deixar o purismo de lado e se aliar a um candidato apoiado por Bolsonaro que vá eventualmente para o segundo turno, como já aconteceu na eleição do prefeito Ricardo Nunes em São Paulo, no ano passado. Ou que talvez eles tenham de se aliar ao próprio ex-presidente, cuja recuperação dos direitos políticos e participação no pleito não é uma hipótese totalmente afastada no momento, se ele se habilitar à disputa do segundo turno.

 

Certamente, tal opção está longe de ser o cenário dos sonhos para a maioria dos liberais, mas deve ser avaliada desde já, diante da perspectiva de que o governo petista se estenda até 2030, com todos os efeitos colaterais que isso possa trazer para o País. Melhor seria, talvez, ter alguém com o carisma do presidente da Argentina, Javier Milei, hoje o único líder global 100% comprometido com as ideias mais ortodoxas do liberlismo econômico e com a boa gestão das contas públicas, para manter a inflação sob controle e impulsionar os investimentos privados e o crescimento sustentável.

No entanto, como isso parece improvável atualmente, talvez não reste outra opção aos liberais brasileiros do que seguir o caminho trilhado pela maioria de seus pares nos Estados Unidos, que apoiaram a candidatura de Donald Trump, estrela maior do nacional-populismo global, para derrotar os democratas e tirar a esquerda e a turba identitária do poder. Apesar de serem contrários às propostas protecionistas de Trump, eles apostaram em suas promessas de redução de impostos, desregulamentação da economia e corte da máquina administrativa e das despesas governamentais – bandeiras tradicionais do Partido Repuvlicano – e até agora nada indica que estejam arrependidos da decisão que tomaram.

A alternativa a essa aliança para 2026 é continuar a ter um presidente que tente implementar uma agenda embolorada, centrada no protagonismo do Estado na economia e em outras áreas, dê de ombros para as contas públicas, gastando o dinheiro dos pagadores de impostos como se não houvesse amanhã, aparelhe a máquina administrativa e as estatais, que tiveram déficit recorde em 2024, aumente impostos para cobrir seus ímpetos perdulários e ache que as empresas privadas têm de fazer o que o governo quer.

É continuar também a ter um presidente que acredita que a CLT dos tempos de Getúlio Vargas ainda atende às necessidades de trabalhadores e empresários no mundo da inteligência artificial e cujo ministro do Trabalho defende a revogação da reforma trabalhista de 2017 e a regulamentação dos aplicativos de entrega e transporte, além da volta do imposto sindical obrigatório, para bancar novamente a farra dos ‘companheiros’ dos sindicatos e das centrais sindicais.

Isso sem falar da aproximação de Lula com o Eixo do Mal, categoria que inclui o ditador venezuelano Nicolás Maduro, o Irã, o Hamas e a Rússia de Vladimir Putin, no recorde de mortes por dengue e de queimadas na Amazônia e no Pantanal, na agenda identitária e na ameaça à liberdade de expressão com a ‘regulamentação’ das redes sociais, que o governo petista pretende implementar em parceria com o STF (Supremo Tribunal Federal).”

 
 
 
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