Peças artesanais carregam história, cultura e estilo

Inserir o artesanato na decoração é uma maneira poderosa de agregar autenticidade, beleza e cultura ao ambiente. Peças feitas à mão carregam histórias, tradições e a essência dos artesãos e suas técnicas. Em um mundo cada vez mais globalizado, adquirir peças artesanais não é apenas uma escolha de estilo, é contribuir com a resistência de uma expressão cultural.Com a produção em larga escala ascendendo exponencialmente, defender a importância da inserção do artesanato na decoração é um desafio, como acreditam os arquitetos Odara Machado e Victor Calmon, responsáveis pela Vorá Arquitetura. “A valorização do artesanato é importante por diversas razões, tanto para o contexto cultural, social, quanto econômico. Cria oportunidades de emprego e renda, promove a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos, além de fomentar o empreendedorismo e impactar a economia local”, defende, por sua vez, a economista Jussara Amaral.A beleza do artesanato ainda está ligada à vertente do consumo consciente, como destaca Rodrigo Lyra, designer especialista em artesanato. “O uso consciente dos nossos recursos naturais é algo bastante necessário e que se faz presente no artesanato a partir dos conhecimentos tradicionais que muitas vezes o artesão detém. As formas de transformação de matérias-primas, como as fibras, a argila, o couro, os metais, são cada vez mais necessárias pelo baixo impacto ambiental”.Para além, o artesanato ajuda a contar a história dos moradores da casa e dos lugares por onde andaram. “A decoração dos ambientes combina perfeitamente comigo e com os objetos feitos à mão por artesãos de diversas partes do Brasil, priorizando os baianos. Isto faz com que a arte e a cultura, as memórias de viagens, de trabalhos realizados e de pessoas queridas estejam representadas no dia a dia da minha família”, evidencia Jussara. “É uma forma da gente trazer para o nosso ambiente íntimo valores culturais que podem fazer parte da nossa identidade, do nosso legado”, concorda Rodrigo.IdentificaçãoAo escolher qual artesanato incorporar na decoração de sua casa, Allan Rêgo busca priorizar artistas que se relacionam com a sua personalidade. “É toda uma questão de relação. Se aquele artesão se relaciona com a minha identidade, se a minha casa se identifica com aquela obra”. Umas das prioridades do médico é supervalorizar o artista. “O artesão se dedica à confecção daquela arte, então além do ponto de vista do tempo que é demandado para a realização daquele material, na grande maioria das vezes existe também sua fonte de sobrevivência. É através daquilo que ele sustenta sua família. É preciso estimular essas pessoas a não perderem o dom do seu ofício”.Na hora de dispor as peças no ambiente alguns cuidados devem ser tomados. “É necessário verificar se as cores do artesanato harmonizam com a paleta de cores do ambiente. O tamanho e a escala proporcionais ao local, qualidade, material e funcionalidade também devem ser levados em consideração”, sugerem Odara e Vitor. Outra dica valiosa dos arquitetos é escolher um espaço especial para inserção de cada peça para que ela fique em evidência no contexto do projeto. E, não menos relevante, é importante levar em conta a autenticidade, história, personalidade e significado daquela peça para os moradores.“O artesanato representa a memória social que constitui a identidade cultural de comunidades tradicionais e demais setores da sociedade brasileira, refletindo suas tradições, crenças e habilidades transmitidas ao longo das gerações”, enfatiza Jussara. Assim o artesanato se relaciona com o resgate da ancestralidade, com as memórias presentes e com o resguardo da cultura para o futuro. A decoração deve estar aliada aos valores e história das pessoas presentes no ambiente. Desta forma, a autenticidade do artesanato faz de cada peça única, assim como a casa.*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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