Paulinho ‘mergulha’ após tomar posse e começa a gestão sem marca própria

O novo prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil), caminha para completar um mês no cargo sem imprimir uma marca própria de gestão. Diferentemente de outros prefeitos que tomaram posse em 1º de janeiro, Paulinho tem tido uma atuação discreta até agora e está “mergulhado” no dia-a-dia da administração.

Com 23 dias ocupando o Palácio Felipe Camarão, o prefeito ainda não apresentou medidas significativas para a melhoria de serviços em áreas estratégicas como saúde, educação e transporte. A nova gestão tem sido uma mera continuidade de ações desenvolvidas ainda durante a administração de Álvaro Dias (Republicanos).

As redes sociais do prefeito são uma mostra da paralisia administrativa nessa etapa inicial da gestão. A conta oficial de Paulinho no Instagram teve apenas 12 publicações desde 1º de janeiro, sendo que 8 estão relacionadas a posses diversas (como a do próprio prefeito, da vice e de secretários). O novo prefeito também não tem concedido entrevistas.

As medidas mais contundentes anunciadas por Paulinho até agora foram ações consideradas de praxe em qualquer início de gestão, como demissão de cargos, cortes de gratificações e suspensão do empréstimo de servidores. A redução de despesas em secretarias ficou só no anúncio, por enquanto.

Promessa de campanha, o fim do sorteio de vagas para creches já em 2025 foi anunciado pelo prefeito durante a posse, mas sem medidas concretas até agora. A gestão ainda não explicou onde vai distribuir os alunos que não forem contemplados nas vagas regulares oferecidas em creches do município. No ano passado, 1.208 estudantes ficaram na fila de espera.

Durante a campanha, o prefeito citou a possibilidade de comprar vagas em creches privadas, mas até agora não houve oficialização de parcerias. A expectativa é que o ano letivo de 2025 comece entre o fim de fevereiro e o início de março.

Outra promessa feita durante o pleito eleitoral, a redução da fila por procedimentos de saúde também ainda não tem um planejamento anunciado. A nova gestão da Secretaria de Saúde só tem dado continuidade a ações adiantadas pelos últimos ocupantes da pasta. Também não há um plano apresentado para a continuidade das obras do Hospital Municipal.

Na infraestrutura, o destaque foi o desmoronamento, após fortes chuvas, de uma obra na Zona Norte que tinha sido inaugurada por Álvaro Dias na reta final da última gestão. Já na área do transporte, outra área considerada prioritária pelo novo prefeito, não houve avanços nem anúncios importantes. A tão esperada licitação do serviço é aguardada apenas para o início do segundo semestre.

Outro ponto de destaque é o Carnaval: faltando pouco mais de um mês para a festa, a prefeitura ainda não divulgou nenhum tipo de programação na cidade.

“Todos estamos trabalhando firmes”, afirma secretário Vagner Araújo

Para o secretário de Planejamento, Vagner Araújo, o governo não está parado e vem trabalhando na formulação da agenda dos primeiros 120 dias. “Na primeira reunião do secretariado, o prefeito Paulinho solicitou que cada secretário reunisse as ações e medidas de suas áreas para comporem o anúncio da agenda dos 120 dias de gestão que ele fará. Todos estamos trabalhando firmes nisso porque não se trata só de listar ações, mas estruturar entregas para que tudo o que for anunciado seja efetivado”, explicou.

Entre as prioridades destacadas por Araújo, está o corte de despesas e a busca por eficiência nos serviços prestados. “O prefeito está focado em reduzir gastos, eliminando despesas não prioritárias, modernizando e dando mais eficiência aos serviços, cortando custos em todas as áreas justamente para equilibrar as finanças e criar margem de investimento”, pontuou o secretário.

No entanto, o atraso na divulgação de medidas efetivas tem gerado especulações sobre a qualidade do processo de transição entre a gestão de Álvaro Dias e a nova administração. Segundo Vagner Araújo, a transição foi considerada produtiva e garantiu a continuidade dos serviços, mas ele admitiu que muitos secretários só começaram a trabalhar após suas designações, o que pode ter atrasado o ritmo inicial. “A mudança de gestão é como você ‘trocar o pneu do carro com ele em movimento’. As coisas não podem parar para esperar novas diretrizes”, afirmou.

Outro ponto crítico que segue sem esclarecimento é o valor exato da dívida herdada pela gestão anterior. Questionado sobre o tema, o secretário disse que a responsabilidade pelo levantamento cabe à Secretaria de Finanças (Sefin) e que a conclusão dos cálculos dependerá do encerramento do exercício financeiro, com os balanços anuais previstos para abril. “O órgão central de contabilidade, ligado à Controladoria, necessita de um tempo para concluir as apurações e ter esses valores com exatidão”, explicou.

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