OEA acusa Venezuela de ‘distorcer completamente’ o resultado das eleições

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou, nesta terça-feira 30, que as eleições presidenciais da Venezuela, que ocorreram no domingo, sofreram “a mais flagrante manipulação”.
O comunicado, publicado pelo gabinete do secretário-geral Luis Almagro, foi divulgado um dia após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciar a vitória do presidente Nicolás Maduro na eleição, a qual foi amplamente contestada pela oposição e pela comunidade internacional. As informações são de O Globo.

“Ao longo de todo este processo eleitoral, viu-se a aplicação por parte do regime venezuelano de seu esquema repressivo, complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, fazendo com que esse resultado ficasse à disposição da manipulação mais aberrante”, diz a nota da OEA. “O regime de Maduro zombou de importantes atores da comunidade internacional durante esses anos e, novamente, entrou em um processo eleitoral sem garantias”.

Após horas de incerteza no domingo, o CNE, órgão alinhado ao governo chavista, anunciou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos. Sem apresentar as atas das votações, o conselho eleitoral informou que, com 80% das urnas apuradas, o atual presidente venezuelano obteve mais de 5,1 milhões de votos (aproximadamente 51,2%), enquanto o candidato opositor, o diplomata Edmundo González Urrutia, recebeu 4,4 milhões de votos (cerca de 44,2%).

Conforme O Globo, o anúncio foi seguido pela contestação da oposição, que disse não ter tido acesso a 100% das atas de votação. A líder opositora, María Corina Machado – que chegou a vencer as primárias do país, mas foi inabilitada politicamente – disse ter cópias de 73% das atas de voto. Ela projetou a vitória de González com 6,27 milhões de votos (contra apenas 2,75 milhões de Maduro). María Corina declarou que nos próximos dias sua coalizão agirá para “defender a verdade”.

No comunicado da OEA, o gabinete de Almargo ressalta que o fato de a oposição ter apresentado a ata – e o governo de Maduro não – seria “risível e patético se não fosse trágico”. O órgão pontua que “nesse contexto, é imperativo saber sobre a aceitação por parte de Maduro das atas mantidas pela oposição e, consequentemente, aceitar sua derrota eleitoral e abrir o caminho para o retorno à democracia na Venezuela”.

“Caso contrário, seria necessária a realização de novas eleições, mas neste caso com a presença das missões de observação eleitoral da União Europeia e da OEA, [além de] uma nova CNE para que seja reduzida a margem de irregularidade institucional que assolou este processo”, diz a nota, que também afirma que a população venezuelana é “vítima mais uma vez da repressão (…), fruto de uma gestão ineficiente que semeou as mais graves crises humanitária e migratória que a região conheceu”.

O Conselho Permanente da OEA convocou uma reunião extraordinária nesta quarta-feira para “abordar os resultados do processo eleitoral”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.